Ontem, passei pela locadora e vi que Eu Sou a Lenda havia sido, finalmente, lançado em DVD. Já havia assistido a ele no cinema, mas não resisti e aluguei. Gostei muito desse filme. Filmes sobre o fim da civilização não são novidades, mas a premissa de uma suposta cura para o câncer ser o que leva a humanidade à extinção é ótima. É sair do êxtase e chegar à mais profunda decepção.
O filme conta a história de Robert Neville (Smith), um cientista brilhante, que, apesar disso, não conseguiu impedir o avanço de um terrível vírus impossível de ser detido, incurável e criado pelo homem. De alguma forma imune, Neville é agora o último ser humano que sobrevive na cidade de Nova York, e talvez no mundo. Por três anos, tem enviado mensagens de rádio diariamente, desesperado para encontrar outros sobreviventes que possam estar em algum lugar. Mas ele não está sozinho. Vítimas mutantes da praga, quase vampiros, os Infectados espreitam nas sombras observando cada passo de Neville, esperando que cometa um erro fatal. Talvez a melhor, e única, esperança da humanidade, ele é motivado somente por uma missão: achar um meio de reverter os efeitos do vírus usando seu próprio sangue imune. Mas sabe que está em desvantagem... e rapidamente ficando sem tempo.
A sinopse acima traz um filme de um ator só e ele não compromete, pelo contrário, fiquei muito feliz com a atuação de Will. Ele emprestou ao personagem características ótimas. Neville é inconformado, obstinado e, acima de tudo, sofrido. Sua luta não é só contra o vírus, mas também contra a insanidade que ameaça levá-lo. Essa ameaça, que surge por conta de tudo pelo que passou e pela solidão em que se encontra há tanto tempo, paira sobre ele como uma nuvem negra de desenho animado. As melhores cenas do filme são exatamente as que demonstram este confronto mental. As cenas de ação são apenas uma borda de pizza caprichada.
A cena dele com a cadela, sua única companheira viva, no laboratório, é de comover qualquer um e é um trabalho maravilhoso. Uma das que mais gosto é aquela em que, no alto de seu desespero, pára o carro e a câmera continua pela longa estrada mostrando seu carro parado lá longe; esta cena dimensiona toda a extensão de sua solidão. As conversas com os manequins e a dependência que ele demonstra da civilização e de se sentir em sociedade são sacadas geniais. E, quando finalmente encontra alguém, não sabe mais como lidar com isso.
O filme perde em força justamente quando se transforma em mais um filme de ação, mas nada que estrague o que até então foi apresentado. Não mesmo. O diretor, Francis Lawrence, que até então havia apenas assinado o morno Constantine, surpreendeu e apresentou um filme muito bom, que merece ser visto e revisto.
3 comentários:
Eu gostei muito do filme, mas só até ele virar um filme de ação, como você disse. Achei o máximo o Will Smith sozinho no mundo tentando arrumar uma maneira de manter a sanidade e sobreviver aos infectados.
Mas o final me decepcionou bastante.
Beijocas
Muitos se decepcionaram como você. Creio, porém, que não desmerece a película, entende? Pensa comigo, o filme, nos anos 90, seria protagonizado por Arnold Schwarzenegger. Consegue imaginar o que seria do filme? Algo meio Fim dos Dias. Não que eu não goste de um filme de ação cheio de efeitos e pirotecnia, mas Eu Sou a Lenda é forte pelo humano, não pelos efeitos. Isso que é legal!
o filme é bom, mas deixa muitíssimo a dever ao livro. Não lhe fez justiça.
Entretanto, é milhões de vezes superior ao primeiro filme, com Charlton Heston, no qual a história foi tão alterada, mas tão alterada (sem falar naqueles albinos ridículos), que nem dava para lembrar do livro. Mas assistir os dois filmes é interessante, até pelas cenas "idênticas" nas quais o filme novo transformou em referências modernas (o Neville repetindo as frases do Shrek e do Burro, enquanto no filme antigo, ele repetia o diálogo de um filme antigo enquanto jogava xadrez com um busto de platão vestido de coronel da força aérea americna)
Voltando ao filme "moderno", ele foi mais fiel ao espírito da história em si, e foi muito feliz ao retratar a agonia do Neville. A cena da banheira é muito bem trabalhada.
É um bom filme. Não erraram na mão nas explosões e pirotecnias. No livro há capítulos inteiros assim...
lembrem-se: o norte-americano é o povo por excelência, os novos eleitos, então os caras são bons de cuca, de arma, de cama...
São o mal e, ao mesmo tempo, a cura... eles fazem, mas, quando erram, consertam. Mas só eles é que fazem...
é a tônica coruscante de nove em dez películas de lá...
Postar um comentário