O psicoterapeuta disse que sou hiperativo. A criação deste blog surgiu pouco depois de ser assim diagnosticado. Segundo o site especialista Hiperatividade (que já existia antes do meu blog, mas eu não sabia!), os portadores deste distúrbio são freqüentemente rotulados de "problemáticos", "desmotivados", "avoados", "malcriados", "indisciplinados", "irresponsáveis" ou, até mesmo, "pouco inteligentes". Mas garante que "criativo, trabalhador, energético, caloroso, inventivo, leal, sensível, confiante, divertido, observador, prático" são adjetivos que descrevem muito melhor essas pessoas. Eu, particularmente, creio que sou uma mistura disso tudo aí. Cheio de muitas idéias, muitos sonhos e muitos projetos. Muita vontade e muito trabalho. Muitas vertentes e muitas atividades. Sou editor-adjunto do Crônicas Cariocas. Não deixem de visitar minhas colunas: Cinematógrafo; Crônicas; Poesias; e HQs. Ah! Visitem o Magia Rubro Negra , site de apaixonados pelo Mengão, para o qual tive o prazer de ser convidado a fazer parte da especial equipe!!!

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Apenas um ano


Então é isso: 2010 acabou. Pelo menos no que se refere a futebol. Não foi um ano bom para o Mengão, mas não dá para esperar que todos os anos de uma vida sejam bons. A verdade é que estamos mal-acostumados com títulos em todas as temporadas. Foram quatro anos seguidos levantando pelo menos uma taça, de 2006 a 2009, incluindo aí um tri-campeonato estadual, uma Copa do Brasil e um Campeonato Brasileiro.

É claro que é sempre bom ganhar e eu também quero sempre mais, mas não dá para chorar ou achar que o mundo acabou porque passamos 2010 em branco. O negócio é levantar a cabeça e preparar para 2011. Não estou passando a mão na cabeça ou livrando a cara de alguém, sejam jogadores, comissão técnica, diretores ou presidência. Mas meu Flamengo é muito maior que um ano ruim. São anos e anos de glórias passadas e, com certeza, futuras.

Vamos vestir nosso Manto Sagrado como sempre. Sair à rua com nossas cores e nosso orgulho. Não somos torcedores de time pequeno que escondem a camisa quando passam por momentos difíceis. Aliás, não somos torcedores e nem temos camisa. Somos cidadãos cujo Manto Sagrado é baluarte de nossa imensa Nação. Recuso-me a ficar triste e cabisbaixo. EU SOU FLAMENGO!

Os arco-irianos podem nos chamar de orgulhosos e marrentos. Não ligo. No que tange a esta paixão, sou mesmo! Meu clube é o maior, o mais querido e absolutamente nenhum outro chega sequer perto da sua grandeza. Deixem as lágrimas para quem ganha títulos esporadicamente e, mesmo assim, quando ganha. A quem não sabe o que é ser rubro-negro. A quem nos tem inveja, medo e respeito.

Sou feliz, sou guerreiro, sou, acima de tudo, rubro-negro. Orgulhoso, marrento, apaixonado e convicto. Muitas alegrias hão de despontar nos anos vindouros, assim como nos idos. Nada me tira esta certeza. Então, chorar para quê? Eu quero, e vou, cantar ao mundo inteiro, sem medo de ser feliz, a alegria de ser rubro-negro. EU SOU FLAMENGO. Isso, por si só, é motivo para sorrir.

Magia Neles!!!

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

UMA NOITE EM 67 É O DOCUMENTÁRIO MAIS VISTO DOS ÚLTIMOS CINCO ANOS

“Uma Noite em 67” , dos diretores Renato Terra e Ricardo Calil, ultrapassou a marca dos 75 mil espectadores, segundo o Filme B, e já é o documentário brasileiro mais visto dos últimos 5 anos. Desde 2005, com “Vinicius”, um documentário nacional não atingia esse público.  O filme relembra a final do lendário Festival da Record de 1967, que mudou o rumo da MPB e contou com a participação dos jovens artistas da época Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Roberto Carlos, Edu Lobo e Sérgio Ricardo. Entre as músicas apresentadas na noite histórica estavam “Roda Viva”, “Ponteio”, “Alegria, Alegria”e “Domingo no Parque”. O documentário estreou dia 30 de julho e continua em cartaz. O circuito completo de salas e horários em que o filme está em cartaz está disponível no site www.umanoiteem67.com.br

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Real Gabinete apresenta exposição sobre a República Portuguesa no Brasil

O Real Gabinete Português de Leitura apresenta, a partir da segunda quinzena do mês de setembro, a exposição “Imagens da República Portuguesa no Brasil (1910-1922)”, reunindo as principais cenas estampadas nas publicações brasileiras O Malho e Revista da Semana, que tiveram grande influência na vida social, política e literária das três primeiras décadas do século XX.

Renomados fotógrafos e artistas do traço cômico da época da República ganham destaque na mostra, que privilegia dois momentos, em especial, em que os governos português e brasileiro foram alvo de críticas nas páginas da imprensa nacional: a Proclamação da República em Portugal, que aconteceu em 05 de novembro de 1910, coincidindo com visita oficial do presidente Marechal Hermes ao país; e o ano de 1922, em que se comemorava o centenário da independência brasileira, exatamente quando Brasil e Portugal decidiram estreitar suas relações.

O Real Gabinete fica na Rua Luís de Camões, 30 – Centro. O horário de visitação é das 09h às 18h, de segunda a sexta-feira. Para mais informações: (21) 2221-2960 ou (21) 2221-3138.

Serviço:
Exposição “Imagens da República Portuguesa no Brasil (1910-1922)”,
Abertura: 13 de setembro
Horário: Segunda à sexta: 9 às 18h
Entrada: livre
Local: Real Gabinete Português de Leitura
Endereço: Rua Luís de Camões, 30 - Centro – RJ
Telefones: (21) 2221 3138 e 2221 2960

NAOTEMNEMNOME

NAOTEMNEMNOME
Um espetáculo em que o espectador é co-autor da peça

Perguntas sem respostas. Todo mundo tem. Sobre as angústias da vida, do amor e da morte. Sentimentos inexplicáveis que não têm nem nome. Esse é o mote da peça NAOTEMNEMNOME, uma criação conjunta de duas novas cias. de teatro – Inutilezas e Pangéia, com dramaturgia de Diego de Angeli e Emanuel Aragão que também assina a direção, com estreia marcada para o dia 11 de setembro na Sala Multiuso do Espaço SESC.

www.naotemnemnome.com.br
Assim como as perguntas da vida que não têm respostas, a peça também não é propriamente uma peça. É uma experiência cênica pouco comum que promete instigar o espectador. O espetáculo propõe a participação efetiva e um comprometimento real do público com a dramaturgia. 
NAOTEMNEMNOME foi concebido em duas partes distintas, um espetáculo em dois momentos, em dois encontros.

As terças, quartas e quintas feiras das 15h30m ás 19h o diretor e dramaturgo Emanuel Aragão estará no teatro para um encontro individual com cada espectador. A ideia proposta é um verdadeiro encontro entre os dois.

www.naotemnemnome.com.br
Essa conversa prévia será colocada em cena de sexta a domingo no segundo encontro, agora entre todo o público e os atores.

 Instigante. Talvez o público receba em cena respostas para suas próprias perguntas. Talvez não.  “O que importa é o comprometimento do espectador. Eu não tenho a menor ideia se isso vai dar certo. O “naotemnemnome” funcionar ou não depende de milhares de coisas. Depende do que aconteceu durante o processo de ensaio, do que acontece no dia, dos atores, dos espectadores, do tempo, do que acontece na cidade, se chove ou não, depende dos encontros acontecerem. Não tem como nem por que saber se vai dar certo, na verdade. E essa é a razão de ser do trabalho. Não tem como saber “, diz o diretor Emanuel Aragão.

Os dois encontros acontecem separadamente e tem uma existência independente. Pode-se escolher ir a apenas um dos dois encontros, porém a maior riqueza do espetáculo acontece com a junção dos dois.

O primeiro encontro acontece durante a semana e para o espectador encontrar o dramaturgo é só comparecer no Espaço SESC de Terça a Quinta entre 15h e 19h. A duração é de aproximadamente 30 minutos.

O segundo encontro acontece de sexta a sábado ás 20h e domingo ás 19h com duração aproximada de 130 minutos.

Serviço:

 Espaço SESC - Sala Multiuso
10 a 26 de Setembro
Os primeiros encontros terão início em 7 de Setembro
Rua Domingos Ferreira, 160 - Copacabana
Espetáculo em dois momentos:
Primeiro encontro: Terça a Quinta, 15h e 19h
Duração: 30 minutos
Segundo encontro (apresentação da peça): Sexta e Sábado, 20h e Domingo, 19h
Duração: 2 horas
Tel.: (21) 2547- 0156
Vendas antecipadas, de terça a domingo, 15h às 19h
Classificação etária: 16 anos
R$ 10 (inteira) / R$ 5 (estudantes e idosos) / R$ 2,50 (comerciários)
capacidade de público: 15 pessoas


FICHA TÉCNICA:

Daniel Kristensen - Atuação e Assistência de Produção
Diego de Angeli - Dramaturgia
Emanuel Aragão - Direção e Dramaturgia
Liliane Rovaris - Atuação e Produção
Maria Clara Horta - Atuação
Ramon de Angeli - Atuação
Rossini Viana Jr. - Atuação e Produção
Aurora dos Campos - Cenário
Cláudia Elias - Fotografia
Fernando Britto - Programação Visual
Tarsila Takahashi - Figurino
Tomás Ribas - Iluminação
Cia das Inutilezas e Pangéia Cia. de Teatro - Realização
Mais informações no site: www.naotemnemnome.com.br

Documentário sobre a vida de Ayrton Senna será lançado no Brasil em 12 de novembro

A Universal Pictures, distribuída no Brasil pela Paramount Pictures Brasil, confirmou para 12 de novembro o lançamento do documentário sobre a vida de Ayrton Senna no país. SENNA é uma produção Working Title em associação com Midfield Films. A direção é de Asif Kapadia, o roteiro escrito por Manish Pandey e a produção de James Gay-Rees, Tim Bevan e Eric Fellner.
Universal Pictures
O documentário mostra a notável história de Senna, pontuando suas realizações nas pistas e fora delas, sua busca por perfeição e o status de mito que ele alcançou. SENNA abrange os anos da lenda do automobilismo como piloto de F1, desde sua temporada de estreia em 1984 até sua morte precoce uma década depois. Muito mais que um filme para fãs da F1, a produção expõe uma história extraordinária de maneira inigualável, evitando o uso de muitas técnicas padrões de documentários e favorecendo uma abordagem mais cinematográfica, que faz uso total de filmagens espetaculares, boa parte inédita, tirada dos arquivos da F1.
Universal Pictures
SENNA foi realizado com completa cooperação da família de Ayrton Senna, que concedeu permissão para que esse fosse o primeiro filme-documentário sobre a vida do piloto; e com apoio tanto da Fórmula Um, que deu permissão à equipe para usar filmagens inéditas, quanto do Instituto Ayrton Senna, organização não-governamental criada em 1994, que oferece educação de qualidade a milhões de crianças e jovens brasileiros.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Desperança



Arte: Francci Lunguinho
Ele estava deitado em sua cama lendo um livro quando, sem aparente motivo algum, sentiu uma profunda angústia. É certo que sua vida financeira não andava bem das pernas e que o trabalho, além de estressante, não lhe aprazia. Porém, nunca fora de reclamar dessa situação e muito menos de se compadecer dela. Não era afeito a autopiedade. De qualquer forma, o sentimento veio com força e a vontade era de chorar copiosamente.
Começou a pensar nos motivos de se sentir assim e sua mente começou a visitar, de maneira desordenada, vários momentos de sua vida. Mulheres que magoou e descartou ao longo do caminho; amigos que por um motivo ou por outro decepcionou; as coisas ruins que disse em momentos de descontrole àqueles que amava e ainda ama, mas acabou afastando-se por orgulho ou vergonha; as escolhas que fez e que se mostraram equivocadas, levando-o para longe de seus sonhos; os conselhos solenemente ignorados e que se provaram sábios; e mais.
Concluiu que a angústia originava-se de arrependimentos, de culpas e da sensação de tempo perdido. Como se sempre tivesse escolhido errado e que houvesse desperdiçado todas as chances que teve de se realizar e de ser feliz. Uma dor começou a martelar sua cabeça e decidiu caminhar pela casa. Olhou para seus livros, seus CDs, seus DVDs, suas traquitanas eletrônicas que tanto gostava, suas coleções de carrinhos, motos e bonecos, o lar que resumia a sua vida. Não conseguiu enxergar sentido em nada daquilo.
Pegou um cigarro e foi para a varanda. Nunca fumava dentro de casa, pois não gostava do cheiro que o seu vício deixava. Enquanto tragava e soltava a fumaça, olhava para a rua, para o céu estrelado, para a lua brilhante e se sentiu pequeno como nunca antes. Quase quatro décadas nesta terra e não sobrava uma coisa qualquer que se aproveitasse de sua vida. Nada para ser lembrado. Nenhum feito que merecesse registro e posteridade. Sentiu-se um inútil, um fracassado, um embuste.
Aos poucos, a angústia começou a dar lugar à revolta. Começou a culpar os outros pelos seus erros, pelas suas escolhas e pelas suas frustrações. O examinador que não lhe deu nota suficiente, o irmão que não lhe emprestou o dinheiro que precisava, o amigo que lhe virou as costas por causa de uma mulher, a namorada que o largou por causa das outras, até mesmo os pais que não lhe deram uma posição social melhor. Eram pensamentos tolos e logo os descartou para abraçar a culpa que veio ainda mais forte.
Ele voltou para dentro de casa, foi até a estante e pegou uma das garrafas de uísque que nunca bebia, pegou um copo e o encheu. Colocou a garrafa e o copo sobre a mesa. Foi até seu quarto, pegou o estojo em que guardava sua Beretta 9mm, sua arma dos tempos de oficial do Exército. Forrou a mesa com um pano e pegou o material de limpeza. Entre um gole e outro de bebida, desmontou a pistola com extrema facilidade, quase que mecanicamente.
Peças sobre o pano dispostas da mesma maneira que aprendeu quando do serviço militar. Encheu o copo de novo e começou a limpar as peças. Era quase uma terapia que o ajudava a pensar melhor. Enquanto remontava a arma, chegou a uma solução. Poderia não ser a melhor, mas era a única que fazia sentido. Seu pertence favorito estava montado, carregado e reluzente.
Levantou, encheu o copo de novo e o levou, junto com o maço de cigarros e a pistola, para a varanda. Acendeu o cigarro e o fumou lentamente, bebericando a bebida envelhecida e destilada de grãos. Não sentia prazer algum nisso. Jogou a guimba na rua e depositou o copo e o maço no beiral. Ato contínuo, pegou a arma, encostou na têmpora direita e disparou.
O corpo jogado no chão da varanda vazava uma grande quantidade de sangue e, com ele, em seu vermelho escuro, todos os sonhos, toda a angústia, todas as frustrações, toda a culpa, todas as escolhas, todos os erros, todos os fracassos, toda a revolta, todos os pensamentos tolos e cada um dos anos das suas quase quatro décadas de vida.
Há algo mais efêmero?

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Domingo, Dia dos Pais. Reunião de família. Filhos, afilhada (que é uma filha), irmãos, pais, tia e sobrinhas. Três gerações reunidas para um almoço farto e delicioso, com direito a vinho branco e tudo. Para completar, um pote de Häagen-Dazs de doce de leite no sofá. Tudo perfeito para o início do jogo. Mas, que jogo?
Uma pelada sonolenta que, misturada à lombeira - resultado do almoço regado -, fez-me batalhar durante duas horas com meus olhos que insistiam em se fechar. Parece ctrl-c + ctrl-v, mas foram erros de passe e lançamento em profusão, nenhuma jogada ensaiada, cobranças de falta bisonhas e a nítida e clara impressão, para não dizer certeza, de que além de precisarmos de atacantes e um meia, precisamos também de um técnico.
Sei que a equipe tem suas limitações, mas nada explica que joguemos sem técnica, sem tática e, muito menos, sem vontade e raça. Kleberson, mais uma vez, foi de uma inutilidade tremenda. Aliás, Borja e Val Baiano também. Pet não estava em um bom dia. Aí, como fazer gol? Como diz a máxima, quem não faz, leva. Levamos e voltamos para casa com outra derrota. Estamos descendo ladeira abaixo na tabela e sem esperança de melhora. E tem gente que põe a culpa na camisa de ontem.
Já viram a pança do Renato Abreu? O urubu-rei está totalmente fora de forma. E o que esperar do Leandro Amaral, que não joga há mais de ano? São boas contratações? Creio que sim, mas não são imediatas, não são aquelas que já chegam jogando, aquelas que precisamos neste momento.
Já estamos na décima posição, há quatro jogos sem vencer e há três sem marcar um golzinho que seja. Se continuar neste ritmo, não preciso nem falar no fantasma que vai começar a nos rondar e assombrar, não é? ACORDA, MENGÃO!!!
MAGIA NELES!!!
EQUIPE
Magia Rubro Negra
fabricio@magiarubronegra.com.br

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Favorito? Onde? – Por Fabrício Mohaupt


Esta história de favoritismo é uma balela. Ainda mais em um clássico regional como este. A rivalidade fala mais alto, a torcida cobra e os brios são provocados. Bobagem acreditar que um time é favorito apenas por causa de uns nomes contratados. Filipe Chinelinho? Zé Boteco? Isso é para meter medo? O craque dos caras foi o goleiro! A mãe dele foi a pessoa mais xingada no planeta ontem.

Difícil é jogar sem ataque e com um Kleberson errando passes e lançamentos a torto e a direito. Fica quase impossível. Mesmo com o Léo Moura e o Juan reencontrando o futebol. Meu irmão comentou comigo que o Penta Campeão Mundial está fazendo de propósito. Será? Não sei. Sei é que ele não vem jogando algo que preste há algum tempo. Jogadores que merecem destaque: o Willians, por ser o incansável lutador que é, e o Lomba, seguro, mesmo sendo pouco exigido.

A verdade é que o jogo foi fraco, de dar sono. Só deu emoção depois dos 41 minutos do segundo tempo. Fora isso, alguns lances bonitinhos (que, como minha irmã sempre diz, é o feio arrumadinho) e esporádicos. Os vascocoínos tiveram mais volume de jogo, mas se alguém esteve mais perto de ganhar foi o Mengão. Não há o que discutir.

O Prass fez uma sequência milagrosa ao defender três vezes seguidas em um lance só e ao espalmar a cobrança de falta do Pet no finalzinho. Foram as quatro bolas mais perigosas do jogo, sem dúvida alguma. Ainda assim, é muito pouco para o Mais Querido. Não dá para ficar jogando a bolinha de ontem em um campeonato como o Brasileirão. Era para ter crucificado os caras na própria cruz.

O tal do Borja lembra-me o Obina, só que ainda sem os golos de sorte, mas tão atrapalhado quanto. Quem já me conhece sabe o quanto gosto do Obina, não é? Precisamos de alguém com qualidade para jogar ao lado do Pet e de atacantes que consigam, pelo menos, atacar. Torço para que o Borja queime minha língua e para que o Val Baiano reencontre sua forma física e consiga meter os golos que precisamos. Porém, torço ainda mais para que deixem o Galinho contratar bons artilheiros matadores.

Para encerrar, não me levem a mal, mas desde quando aquela trupe da colina pode ser favorita contra o Mengão? Mesmo que jogássemos com onze Borjas, ainda seria mais meu Flamengo. Eles tremem ao verem este Manto. E isto me foi dito por um ilustre vascocoíno, ex-vice de futebol de lá, que ouviu de seus jogadores que jogar contra a nossa Nação é algo totalmente diferente para eles. Há um medo perene.

Favoritismo? Deles? Ora, faça-me o favor!

MAGIA NELES!!!
EQUIPE Magia Rubro Negra
fabricio@magiarubronegra.com.br

domingo, 1 de agosto de 2010

Simetria


Vou contar uma coisa que pouca gente sabe e só vou contar porque a figura principal da história é o maior ídolo esportivo que eu tenho, ao lado apenas de Ayrton Senna. Para mim, não existe Pelé e, muito menos, Maradona, quando se fala em futebol. Estou, porém, adiantando-me. Vamos do início.

A história começa em mil, novecentos e setenta e tal. Eu, um menino novinho, com um pai vascaíno que nunca ligou para futebol e do qual recebi as paixões pelo cinema e pelos quadrinhos – mas isso é outra história. Apareceu, então, meu tio Peck, um pernambucano da pacata e distinta cidade de Panelas, no interiorzão de Pernambuco, que veio para o Rio e se tornou um apaixonado torcedor do Botafogo. Eu e meus irmãos éramos vidrados neste tio, o mais novo dos vinte e seis filhos do meu avô materno. Um dos caras mais bacanas que conheci e o tio mais presente.

Além dele, uma amiga de trabalho da minha mãe, a Dra. Márcia, a botafoguense mais fanática que já vi (afinal, torcedor fanático do alvinegro é raro) e a primeira mulher que eu conheci a discutir futebol de igual para igual com o mais entendido dos entendidos do esporte bretão, fez de tudo, junto com ele, para me transformar em um torcedor do time do estádio “Vazião”.

O fato é que quase conseguiram. Levaram-me a jogos, cantavam-me hinos e me faziam torcer pelo time deles. Não esperavam, porém, que eu fosse resgatado de destino tão cruel e sofredor. O Salvador veio de Quintino e foi ele, com uma ligeira ajuda do Capacete, que fez de mim o mais que apaixonado CIDADÃO RUBRO-NEGRO. O Galinho, meu ídolo maior do futebol (e o de muita e muita gente), fisgou o meu coração para o FLAMENGO.

O que me impressiona é que não dá para dissociar a imagem do Zico da imagem do Flamengo. Elas se confundem. SEMPRE!!! São simétricas. Não há quem tenha a mesma interação. O único que chega próximo é o Mestre Junior. Não existe presidente, diretor, técnico ou jogador com a mesma identificação. Representante maior de uma imensa Nação!

Devo a este cara todas as emoções que tive ao longo dessas três décadas de amor rubro-negro.  Um cara que sempre suou sangue vermelho e preto. Que nunca se disse de outro time, mesmo quando trabalhou para tantos outros depois. Um cara que respira Flamengo, mesmo estando do outro lado do mundo.

A primeira coisa que fiz quando cheguei ao Magia foi ir ao encontro que o Moraes promoveu com o nosso ídolo. Pessoas, tremi na base quando o Justino e o Holanda pediram-me para fazer este “serviço”. “Você topa?”, perguntaram. “É claro!”, respondi. Larguei o escritório e saí correndo para o encontro, sem conseguir arranjar uma câmera fotográfica.

Lá, vi o Galinho receber mais de cinquenta pessoas com um sorriso estampado no rosto durante horas. Assinou tudo o que colocaram na mão dele: camisas, bonés, revistas, livros, faixas e uma infinidade de coisas. Tirou inúmeras fotos e atendeu cada um dos seus fãs. Um rapaz de quase dois metros de altura veio da Bahia para este encontro. Quando viu o Galinho, começou a chorar. Quando viu, Zico deu um tapinha no ombro dele e disse: “Tá chorando por quê, cara? Isso aqui é Flamengo, é só alegria.”. Galera, a gente estava no CFZ e ele disse que aquilo ali era Flamengo. Se eu já o admirava, imaginem a partir daquele momento.

É O cara da história do mais querido. Um homem honrado que sempre transbordou confiança e inteligência por onde passou. O que ele fizer pelo clube, assino embaixo. Por mais que digam coisas contra ele e inventem crises que não existem. Confio plenamente nele e sigo esperançoso de um futuro melhor para a nossa Nação.

MAGIA NELES!!!
EQUIPE
Magia Rubro Negra
fabricio@magiarubronegra.com.br

terça-feira, 27 de julho de 2010

Espetáculo de máscaras balinesas marca a estréia do novíssimo grupo Cutelaria de Teatro com direção de Gustavo Damasceno

A estréia é dupla. Primeira peça de um novíssimo grupo. A Cutelaria de teatro é formada por ex-integrantes do prestigiado grupo AMOK e traz à cena em seu primeiro espetáculo, “Sr. Fox”, uma lenda inglesa retirada do livro 103 contos de fadas, de Ângela Carter, que flerta com o rico universo dos contos de fada e estréia no dia 24 de julho no teatro do Jóckey. Encenada por quatro atores “Sr. Fox” traz à cena a máscara balinesa, uma das fontes de pesquisa do grupo. Os personagens lendários e seus dilemas morais característicos nos espetáculos com máscara de Bali foram inseridos na trama ocidental criando uma instigante fusão ocidente-oriente. “Os elementos do teatro balinês acentuam o caráter fantástico desta terrível e divertida fábula de mistério”, explica o diretor Gustavo Damasceno. Mas o grupo deixa claro que a peça não é infantil. “A idéia é buscar uma linguagem própria no fazer teatral a fim de oferecer a vivência do conto de fadas para um público adulto, além de uma visão contemporânea do uso da máscara”, garante a Cutelaria de Teatro.

Para realizar o espetáculo, os integrantes beberam direto da fonte. A atriz Ludmila Wischansky estudou em Bali, na Indonésia e trouxe para o espetáculo “Sr. Fox” máscaras confeccionadas artesanalmente pelos mestres balineses, uma técnica ancestral e sagrada de confecção. 
“As máscaras balinesas permitem ao ator uma linguagem expressiva diversa. Ela potencializa a energia do ator modificando seu corpo e sua voz e ativando o imaginário do espectador”, explica Ludmila.

Sinopse:
As desventuras de Lady Mary, uma nobre e linda donzela, que escolhe para casar um misterioso e sedutor senhor, o Sr. Fox. Mas antes do casamento se concretizar ela descobre que as coisas não são o que parecem e muitas vezes o “lobo mau vem vestido em garbosas peles de cordeiro”.

Ficha Técnica:
Direção e Dramaturgia: Gustavo Damasceno
Cenário: Claudiney Barino
Figurino: Marcelo Marques
Iluminação: José Michilis
Trilha Sonora: Carlos Bernardo
Elenco: Ricardo Damasceno, Ludmila Wischansky, Fernando Lopes e Breno Primo de Melo

Serviço:
Sr. Fox
Temporada de 24 de julho a 29 de agosto
Teatro do Jóckey
Av. Bartolomeu Mitre, 1.110 - Gávea
Telefone: 2540-9853
Capacidade de Público: 150 lugares
Sábados e domingos às 18h30m
Ingressos: R$ 20,00 (inteira) e R$ 10,00 (meia)
Tempo de Duração: 80 minutos
Não recomendado para menores de 14 anos

domingo, 25 de julho de 2010

Depoimentos: 4. SG



O que eu perdi? Por que sinto que falta algo em mim? É um vazio, uma coisa que não se mensura, mas que às vezes chega a ser tão grande que assusta. O pior é que isso me fragiliza; qualquer filme mais forte deixa-me com olhos marejados. Não sei explicar, é como se tocasse em algo que eu não sei que está ali. Será que estou ficando depressivo?

Não importa meu nome. Qualquer um poderia contar o que vou contar. Não importa a minha idade. Não há uma certa para amar, desiludir-se ou, até mesmo, morrer. Isto não é um depoimento. Em verdade, é mais. Um desabafo e uma despedida. Estou dizendo adeus a este eu; ele morreu. Vida longa ao novo eu.

Não sei bem por onde começar. Talvez contando que fui um rebelde aos olhos de meu pai. Um revoltado que nunca roubou, que nunca fumou maconha, cheirou cola ou cocaína. Nunca, sequer, foi preso por vadiagem, briga ou outro motivo torpe. Um rebelde sem justificativa, sem causa e sem conseqüência.

Quem sabe possa contar sobre a minha adolescência, pulada por causa da conturbada relação de meus pais, na qual fui inserido e da qual demorei a conseguir sair? Aos onze anos, menino ainda, a bomba da traição foi jogada na minha cabeça e ela sempre explodia. Sempre cri que foi ali que fiquei adulto. Aos treze, só queria saber de sexo. Deus sabe quantas mulheres magoei e que só depois de muito tempo senti algum remorso, mas nunca pude desfazer o que fiz e nem mesmo pedir desculpas porque não tenho mais contato algum e de algumas nem mesmo me lembro.

Posso contar do primeiro amor, aos dezesseis, e da primeira decepção, aos dezoito, que fez de mim um verdadeiro canalha para as mulheres. Não queria mais saber de compromisso, mas dizia qualquer coisa para atingir meu objetivo. Logo depois, descartava-as porque a novidade já tinha passado. Era gostoso conquistar, usar e jogar fora. Não percebia, naquela época, que poderia estar magoando alguém para a vida inteira.

Posso falar do segundo amor e do quanto lutei contra ele, a ponto de quase perdê-lo. Foi necessária uma reconquista depois do descarte, da auto-análise e da aceitação de que a amava.

Que tal as faculdades começadas e não terminadas? As experiências profissionais frustrantes. As pancadas financeiras que a vida dá quando não se espera. As lições amargas que aprendemos e as decepções que temos quando confiamos plenamente em alguém. A sensação de que o tempo passou e que nada do que você fez valeu a pena.

Também posso falar em casamento, no quanto é difícil estar casado. Você se força a mudar, a ser o homem que ela quer que você seja. Fiel, responsável, trabalhador, amante, amigo e domado. Sim, você passa a ser dela. O ciúme é uma faca com um fio muitíssimo afiado. Nada do que você faz está certo e tudo vira uma briga que nunca acaba, apenas se acumula para a próxima briga. Não que não tenha seus momentos. De fato, há grandiosos momentos. Mas, de repente, você percebe que não sabe para onde a balança está pendendo. Tantos problemas, tantas reclamações, tanta rotina e tão menos troca de amor.

Há ainda as brigas familiares. Pais, filhos, irmãos, sogros, cunhados, tios, sobrinhos, primos e afins. Sempre há algum problema e você nunca entende o porquê de ser assim. Por que não se pode conviver em paz, sem tanta mesquinharia, hipocrisia e falsidade?

Aí, você chega a um ponto em que sonhar é fácil, mas realizar os sonhos é cada vez mais difícil. Você está cercado por todos os lados. Cansado da vida e cansado de ser quem é. Você acha que tudo poderia ter sido diferente se tivesse feito alguma coisa diferente. Entretanto, a grande verdade é que você não pode e nunca vai descobrir se realmente seria assim. São muitos “se”, mas nenhuma certeza de coisa alguma.

Você chega à conclusão que precisa mudar, mas como? E as suas responsabilidades e os seus compromissos? Mulher, filhos, casa, contas e despesas do lar. O que fazer? Esta é a grande questão: o que fazer?

Você não tem uma resposta para isso e segue sua vida cada vez mais frustrado, cada vez mais impaciente, irritado, cansado e agressivo. Tem vontade, mas não consegue chorar. A pressão aumenta, o coração reclama, a cabeça dói e o corpo suporta. Mas e a mente? Será que agüenta?

Hoje, quero morrer. Não. Quero matar este eu frustrado, de sonhos não realizados, de pesos mal pesados numa balança mal aferida, de felicidade duvidosa, de fidelidade mal digerida e de amor grande, porém cego e impotente. Este sonhador de sonhos não realizados e que tem medo de conseguir o que quer.

O que eu perdi? Não sei! Mas quero muito achar. Quem é este novo eu que quer desafiar tudo e todos, que quer um novo começo sem descartar aquilo que não pode e nem deve descartar, que não está nem aí se gostarão ou não, que quer preencher o vazio que existe em si e que não medirá esforços para conseguir o que quer? Não sei! Estou apenas começando a conhecê-lo. Será uma nova e grande jornada!

Quadrinhos e Cinema





Cinema é feito de quadrinhos em movimento. Até a sarjeta, espaço que fica entre um quadrinho e outro, está presente no cinema e exige do espectador uma conclusão, ou seja, um preenchimento mental deste espaço entre os quadros, construindo mentalmente uma realidade unificada. Nos filmes, porém, esta conclusão acontece de forma contínua, vinte e quatro vezes por segundo, que é o número de quadros que se sucedem em cada segundo de um filme. Nossas mentes transformam uma série de imagens paradas numa história em movimento contínuo. A diferença básica está na justaposição. Enquanto nos quadrinhos cada quadro ocupa um espaço adjacente, justaposto, no filme, cada um é projetado no mesmo espaço, a tela. O espaço é para os quadrinhos o que o tempo é para o filme.
Outra diferença básica está no tipo de linguagem. Ambas as artes são essencialmente narrativas, mas a dos quadrinhos é verbo-visual, já a do cinema é áudio-visual, não necessita de balões e onomatopéias, o que não quer dizer que, por vezes, não faça uso deles. O som dá ao cinema recursos que a nona arte não possui, recursos que ela tenta criar de forma diferente. A sétima arte usa o áudio de diversas formas, para ocupar o lugar dos balões, por meio dos diálogos, para emocionar, por meio da música ou pela ausência de, para ambientar o espectador, por meio de sons e ruídos, entre outras.
O cartunista curitibano Edson Tako X, um dos criadores do personagem O Gralha, em entrevista ao site O Gralha, comentando como foi a sua transição da nona arte para a sétima arte – ele fez uma adaptação dos seus quadrinhos –, explica que Cinema é ilusão. É você mostrar apenas uma parte da realidade e fazer o espectador preencher o resto com a imaginação dele. Neste aspecto é muito parecido com os quadrinhos que também usam de fragmentos da realidade para contar uma história. E com uma diferença básica: enquanto nos quadrinhos a ilusão é parcial (o que você vê são desenhos e não há som), exigindo do leitor um grau de cumplicidade maior, no cinema a ilusão é mais completa (principalmente no live-action), então você tem que ser mais convincente na criação da sua ilusão. O espectador quer ser surpreendido, enganado mesmo, voluntariamente, mas você não pode ofender sua inteligência porque ele quer acreditar no que está acontecendo na tela, nem que seja por alguns minutos (suspensão temporária da realidade - como citado por Syd Field).
Significa dizer que, mesmo havendo mais recursos no cinema, a vida do cineasta não é mais fácil que a do quadrinhista, uma vez que a sua ilusão deve ser mais “real”, há um compromisso ainda maior com a verossimilhança.
Segundo Jean-Claude Bernardet, professor, ator e roteirista, em seu livro O que é cinema, a linguagem do cinema desenvolve-se com o intuito de torná-lo apto a contar histórias. Os passos fundamentais para a elaboração dessa linguagem foram a criação de estruturas narrativas e a relação com o espaço. Esta estrutura narrativa criou-se aos poucos e, hoje, temos facilidade para entender estruturas complexas, mas, mesmo assim, quando um cineasta tenta experimentar, criar uma inovação, podemos confundir-nos e até mesmo não entender.
Adaptar: verbo intransitivo? Perguntou a então aluna Gabriela Lírio Gurgel, em sua tese de mestrado Lição de amor: a intransitividade de uma adaptação. Intransitivo, segundo Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, é o que se diz do verbo cuja ação não transita do sujeito a nenhum objeto, é um verbo que não precisa de complemento, ou seja, ele se basta. Entretanto, o verbo adaptar é, na verdade, bitransitivo. É óbvio que há um trocadilho na pergunta com a obra que estuda: Lição de Amor, do diretor Eduardo Escorel, é uma adaptação da obra Amar, verbo intransitivo, do saudoso autor Mário de Andrade. Mesmo sabendo disso, a pergunta fez um estalo.

"Histórias em quadrinhos são a fantasmagórica fascinação daquelas pessoas de papel, paralisadas no tempo, marionetes sem cordões, imóveis, incapazes de serem transpostas para os filmes, cujo encanto está no ritmo e dinamismo. É um meio radicalmente diferente de agradar aos olhos, um modo único de expressão. O mundo dos quadrinhos pode, em sua generosidade, emprestar roteiros, personagens e histórias para o cinema, mas não seu inexprimível poder secreto de sugestão que reside na permanência e imobilidade de uma borboleta num alfinete". (Fellini, em Viagem a Tulum, 1991. Junto com Milo Manara)
Intransitivo, segundo Antonio Houaiss, também quer dizer aquilo que não se pode transmitir ou passar a outrem; intransmissível.
Adaptar, também segundo Antonio Houaiss, significa modificar (obra escrita) para torná-la mais de acordo com o público a que se destina ou para transformá-la em argumento ou roteiro de cinema, televisão, rádio etc.
Há uma enorme dificuldade em se adaptar a linguagem escrita à linguagem áudio-visual, daí a discussão sobre transitividade ou intransitividade, se adaptamos, se transpomos, se traduzimos ou se baseamos. É uma discussão antiga, estudada por diversos apaixonados pelas duas artes, pessoas como Sebastião Uchoa Leite, Jean Epstein, Jorge Furtado, entre outros.
O cineasta Jorge Furtado, em palestra na 10ª Jornada Nacional de Literatura, em Passo Fundo/RS, em 2003, lançou mão de argumentos interessantíssimos sobre o tema, um dos que mais chama a atenção é a observação que faz sobra a primeira frase do livro A Metamorfose de Kafka: Ao despertar após uma noite de sonhos agitados Gregor Samsa encontrou-se em sua própria cama transformado num inseto gigantesco. Segundo ele, esta frase disse tudo que é preciso saber para que a história comece. Cada um de nós, leitor, imaginou a sua própria cena, o escritor nos informa apenas aquilo que ele julga ser necessário, o leitor imagina todo o resto. Entretanto, os cineastas - e os roteiristas - precisam fazer grande parte do trabalho do leitor. Qual a cor do inseto? É uma cama de madeira ou de metal? Qual a cor das paredes do quarto? Como é a luz do quarto? Há uma janela? A luz entra pela janela? Através da persiana ou através das cortinas? Como é o piso desse quarto? É de madeira ou está coberto por um tapete? A cama tem lençóis? Há outros móveis no quarto?
Apesar de todas estas dificuldades, a relação da Literatura com o Cinema é antiga e está longe de encontrar um fim. É estatístico que a grande maioria dos filmes produzidos tem roteiros adaptados.
Os quadrinhos não têm uma história muito boa no cinema, até muito recentemente, as tentativas de levá-los às telas nunca foram muito bem sucedidas. Muitas delas foram criadas para a televisão e acabaram engavetadas ainda como pilotos.

Um personagem dos quadrinhos tem sua história contada, mensalmente, por anos e anos a fio. Batman, por exemplo, tem quase 70 anos de histórias. Não se adapta uma história, com começo, meio e fim, sobre um personagem de quadrinhos, mas um mito que levou anos construindo-se e que assim continua. Nestes tantos anos de histórias do cavaleiro das trevas, houve erros e acertos dos argumentistas, que, no afã de criar boas histórias, tomavam liberdades criativas que, em alguns casos, eram mal recebidas pelos fãs e, em outros, geraram contentamento. Deve-se levar em consideração toda a sua trajetória, não apenas um momento do personagem. Isso só vem ocorrer quando do lançamento do filme X-Men, em 2000, pelas mãos do diretor Bryan Singer, que fez um filme com vários personagens de importância, ao mesmo tempo fiel a todo o background dos quadrinhos, de onde sai a grande maioria dos chamados super-heróis, e acessível ao público leigo em gibis. O diretor Bryan Singer, o roteirista David Hayter e o produtor Tom deSanto souberam dosar todos os ingredientes e tirar proveito dos 38 anos de aventuras desses personagens, ou seja, mantiveram a essência do mito, que vem a ser aquilo que define cada um destes heróis, suas características, seus trejeitos, sua personalidade, sua maneira de falar, seu modo de agir. O personagem Wolverine, levado às telas por Bryan Singer, no mencionado X-Men, é um homem em busca de si mesmo, violento, cheio de gírias, agressivo e desconfiado, mas honrado, bom e leal, exatamente como nos quadrinhos. Mantendo-se a essência do mito, consegue-se o sucesso da adaptação. É o que tem havido com os novos filmes, como Spider-man, de Sam Raimi, levado às telas em 2002 e que é um sucesso incontestável. Os que resultam em fracasso são justamente aqueles que fogem disso, foi o que aconteceu com os recentes Catwoman e Elektra, que fizeram das personagens-título apenas sombras do que são nos quadrinhos.

"Estou sinceramente convencido de que a arte dos quadrinhos é uma forma de arte autônoma. Reflete sua época e a vida em geral com maior realismo, e, graças a sua natureza essencialmente criativa, e artisticamente mais válida do que a mera ilustração.
O ilustrador trabalha com máquina fotográfica e modelos; o artista dos quadrinhos começa com uma folhade papel em branco e inventa sozinho uma história inteira -- é escritor, diretor de cinema, editor e desenhista ao mesmo tempo". (Alex Raymond)
A questão da adaptação como algo complicado, intransmissível, fica explicada, no que tange a quadrinhos para o cinema, pela falta de fidelidade ao mito do personagem. Não dá para falar em Batman sem falar em sombriedade, em escuridão, afinal, ele é o Cavaleiro das Trevas e não o sorridente, colorido e homoerótico personagem criado por Joel Schumacher em Batman Forever e em Batman & Robin. Quando os cineastas começaram a adaptar os quadrinhos sendo fiéis à sua mitologia, começaram a transformar o verbo em bitransitivo.
A recente onda de produções baseadas em quadrinhos faz-nos pensar o que mudou para este tipo de filme ter-se tornado, de uma hora para outra, um enorme potencial. Robert Levine e Scott Alexander, em matéria publicada na revista Playboy do mês de abril de 2006, dizem que a partir de X-Men, de Bryan Singer, em 2000, Hollywood descobriu como adaptar quadrinhos para as telas. Cremos que Hollywood começou a perceber a importância de se respeitar o mito, de se adaptar o personagem sem desconsiderar toda a sua jornada.

Quadrinhos e Educação

Lembro quando meu pai deu-me o primeiro gibi. Era um almanaque de heróis da Marvel, uma das principais editoras americanas. Eu fiquei maravilhado com os desenhos e as aventuras de heróis que voavam, andavam pelas paredes, disparavam raios e ainda se preocupavam com a vida que levavam quando assumiam suas identidades secretas. Mas meu pai só comprava as revistas que ele gostava e eu – ah! – eu queria mais. Comecei a guardar o dinheiro da merenda para comprar os outros gibis que meu velho não trazia. Foi assim que comecei a escalar a montanha sem fim da minha história de leituras, primeiro nos quadrinhos, depois nos livros.

Em minha relação com os quadrinhos, encontrei extremos nas tentativas de defini-los. O que para uns é “uma das maneiras mais saudáveis de escapismo”, para outros “não passa de um gibi imbecilizante”. Entretanto, para mim, os quadrinhos, representam o começo de minha história de leitura, o meio pelo qual as portas do mundo literário se abriram e nunca mais se fecharam. Eles são, de certa forma, aquilo que me instigou a ler cada vez mais e melhor. Mais, porque as referências usadas atiçam minha curiosidade de leitor, fazendo-me buscar informações complementares em outros tipos de leitura, sejam técnicas, por causa das idéias científicas usadas, sejam literárias, por causa das citações feitas, ou seja, por causa da intertextualidade. Melhor, porque ajudam a desenvolver o vocabulário, a aprender a diferençar os registros da língua, através de personagens de meios diferentes, com personalidades diferentes, mas que interagem, entre outros benefícios.

Escutei muitas críticas e piadas por ler meus gibis, ainda há muita gente que crê que os quadrinhos são uma arte sem mérito, um tipo de leitura fácil e preguiçosa. Mas creio que, finalmente, estas pessoas estão perdendo terreno. Pesquisas comprovam que alunos que lêem quadrinhos têm melhor rendimento escolar que aqueles que usam apenas o livro didático. Em alguns casos, o benefício obtido com a nona arte, a arte seqüencial dos quadrinhos, é maior que o existente quando há contato dos estudantes somente com livros ou revistas, o gibi chega a quase dobrar a performance do aluno. Quando li sobre isso, eu me vi entre estes alunos, não que eu tenha tornado-me um aluno brilhante, mas com certeza comecei a olhar os livros com outros olhos.

A verdade é que o conhecimento humano é transmitido pela linguagem, e esta pode ser verbal ou não-verbal. A linguagem figurada foi o processo pelo qual o homem começou a se comunicar, representando suas idéias por meio de desenhos. A linguagem verbal, a que tem na palavra falada ou escrita o seu código, veio para tornar as comunicações mais precisas, mas, de maneira alguma, veio para tomar o lugar da linguagem não-verbal.

Os quadrinhos fazem uso da união destas duas linguagens, que se complementam, numa dupla articulação. A história em quadrinhos é narrada por meio de dois canais, visual e lingüístico, e é fascinante, pois sua linguagem tem um potencial enorme, que alia as vantagens das palavras à beleza das imagens. Esta linguagem, que poderíamos chamar verbal figurada ou verbo-visual, é rica, cheia de características, detalhes e recursos, que, se bem aproveitados, podem gerar aulas tão fantásticas quanto o Quarteto Fantástico, desempenhos tão espetaculares quanto o Homem-Aranha e aproveitamentos tão incríveis quanto o Hulk. Podemos explorar os elementos da linguagem, a maneira como interagem, os registros da língua, noções de gramática, a narrativa, a criação dos alunos, enfim, uma gama enorme de possibilidades, que só tem a nós mesmos como limite.

Nosso país ainda vive uma situação caótica em termos de educação, há muitas crianças fora da escola e as que estão na escola, com a maldição da aprovação automática, na sua maioria terminam o ensino fundamental sem saber ler e escrever direito. A leitura dos livros é encarada como uma guerra, pois estes são considerados inimigos até pelos pais dos alunos. Entretanto, o gibi é apreciado com simpatia, quase aluno nenhum o dispensa, quer seja ele um da Turma da Mônica, do Menino Maluquinho, da Disney, de super-heróis da Marvel, DC ou Image, de cowboys ou dos mangás japoneses. Os quadrinhos são sempre bem aceitos e propiciam prazer durante a aprendizagem. Esse potencial não pode e nem deve passar despercebido pelos professores, que devem fazer uso da incomensurável capacidade da linguagem verbo-visual, uma vez que esta une o útil ao agradável.

Para se ter uma idéia do que a arte quadrinhística pode oferecer, basta estudarmos um único elemento dela: a sarjeta, também conhecida como corte gráfico, que vem a ser o espaço entre um quadrinho e outro. Em um primeiro momento podemos pensar que não há nada ali, que é apenas um espaço vazio, mas isto é um ledo engano. Este pequeno espaço exige do leitor participação, experiência e imaginação enormes, pois é aqui que sua mente deve trabalhar para criar uma ponte entre um quadro e outro, uma vez que nada é visto entre os dois quadros, mas algo está lá, algo que faça a ligação. Esta ponte, este elo que desenvolve o raciocínio, que exercita o pensar é o que chamamos conclusão. A sarjeta é essencial para os quadrinhos, pois demarca seu espaço narracional, por meio da participação e da conclusão do leitor. É possível haver histórias em quadrinhos sem balões, mas nunca sem cortes.

A linguagem dos quadrinhos, por sua condição de linguagem verbo-visual, tem como limite apenas a imaginação dos seus usuários, os autores e os leitores. Não há limites de gênero e forma. Aqui reside a beleza dos quadrinhos, numa linguagem que não tem limites, que está em constante evolução, e que, se for totalmente dominada, pode criar maravilhas sem fim.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Desabafo!


Tenho escutado muita gente reclamando do nosso Mengão. Ora, tenho que admitir, também solto alguns impropérios por conta das promessas de contratações e suas frustrantes resoluções. Além disso, ver o suposto profissionalismo dos nossos jogadores virarem birra porque um diretor trocou um funcionário por outro é algo de doer. Parece a Casa da Mãe Joana.

A alegria de ver o Galinho comandando o futebol fica eclipsada pela ignorância de quais armas ele dispõe para armar o mais querido. O que pode nosso maior ídolo fazer se não lhe derem condições de trabalho? Entretanto, tudo isso é pouco diante da confiança que depositamos nele. Zico é um profissional apaixonado, não entra em furadas e sabe conduzir seus negócios com a mesma maestria que conduzia a gorduchinha.

Hoje, entrei no carro para me dirigir ao escritório para a labuta diária. Como não podia deixar de ser, coloquei música. Um CD de escolhidas da nossa MPB. Dentre elas, surgiu a voz de Luciana Mello cantando Boa Noite, letra do rubro-negro Djavan. Vieram, então, os versos:

‘Inda bem que eu sou Flamengo
Mesmo quando ele não vai bem
Algo me diz em rubro-negro
Que o sofrimento leva além
Não existe amor sem medo

O sentimento ruim, a desesperança e a descrença desapareceram. Eu sou Flamengo, porra! Não sou um técnico, um jogador ou um Zé Ruela qualquer. Eu sou Mengão! Sou uma NAÇÃO! Sou sangue, raça, glória, tradição, amor, títulos, força e paixão! Que os nomes das estrelinhas passem, poucos são aqueles que conseguem escrever seu nome nessa incomensurável história. O resto é apenas resto, arroz de festa. Nada além.

Os torcedores dos menores (não disse outros porque não somos torcedores, somos cidadãos) vivem dizendo que somos marrentos, chatos e que estamos por cima mesmo nos maus momentos. Somos mesmo! Podemos! Somos gigantes! Não temos culpa se nossa sombra cobre a pequenez deles. Não vou deixar um torcedorzinho qualquer tirar o meu orgulho. Sou Flamengo e não há coisa alguma mais mágica que o vermelho e o preto.

MAGIA NELES!!!
EQUIPE
Magia Rubro Negra
fabricio@magiarubronegra.com.br

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Mitolorgias Urbanas: Águas Férteis Intervenção em chafarizes secos pelo Coletivo Líquida Ação

Mitolorgias Urbanas: Águas Férteis são performances de reativação de três Chafarizes construídos pelo Mestre Valentim:
• Chafariz das Saracuras (1799) / Praça General Osório - Ipanema
• Chafariz Fonte dos Amores (1783) / Passeio Público – Centro
• Chafariz da Praça XV (1789) / Praça XV – Centro

Estas obras-primas do barroco brasileiro, atualmente secas, serão reavivadas com água retirada de diversos lugares. “No Centro vamos ter apoio do CCBB para levar água de lá até os chafarizes. Em Ipanema, a água será retirada do mar”, explica o produtor Junior Godim.
A idéia da performance é que a movimentação corporal em torno da água, instalações visuais e sonoras dialoguem com a arquitetura e a iconografia de cada construção, destacando a dimensão simbólica dos chafarizes como fonte de vida e promovendo o consumo sustentável da água no meio urbano.
“Levar água para os chafarizes secos é situá-los na memória viva da cidade, iluminando seu valor como Patrimônio Cultural”, conclui Eloísa Brantes, criadora do projeto que estudou arte contemporânea na França e já trabalhou com o famoso Odin Theatre.
Este projeto foi premiado pela FUNARTE Artes Cênicas na Rua
2009, concebido e dirigido por Eloísa Brantes e será realizado pelo Coletivo Líquida Ação. Formado em 2006, inclui artistas de diversas áreas: teatro, música, moda, cinema, vídeo, artes visuais e dança. Nas ações do Coletivo a presença do elemento água media a relação dos corpos com diversos
contextos espaciais, sociais e culturais. Corpo/água/espaço são matérias de criação do processo de colagem que coloca em jogo os limites entre arte e realidade.
A água como elemento vital e a liquidez dos valores na sociedade de consumo, são os principais eixos da produção artística do Coletivo no campo da performance e das Intervenções Urbanas.

SERVIÇO:
13 de maio de 2010 às 17h
Quinta-feira
Local : Chafariz da Praça XV
Praça XV, centro

14 de maio de 2010 às 17h
Sexta-feira
Local : Chafariz Fonte dos Amores
Passeio Público, centro

15 de maio de 2010 às 17h
Sábado
Local : Chafariz das Saracuras
Praça General Osório, Ipanema

FICHA TÉCNICA:
Concepção e Direção : Eloísa Brantes
Criação e Performance : Ana Lima , Benedito, Cynthia Reis,
Eduardo Cravo, Evee Ávila e Juliana Sansana
Direção de Arte : Alexandre Vogler
Direção Musical : Pedro Moraes
Figurinos : Débora Niemeyer e Flávia Monteiro
Vídeo : Miguel Pzewodowski e Mihay Freire
Produção : Júnior Godim e Roberto Jerônimo
Coletivo Líquida Ação

Contatos Produção para entrevistas:
Júnior Godim: (21) 9220-8831 / 9215-5329
Roberto Gerônimo (Bob): (21) 8187-5338

Assessoria de Imprensa:
Contato Comunicação Assessoria
Monique Santos: (21) 2577-7822 / 9407-1991 / 7883-0861
Fernanda Carvalho: (21) 2577-7822 / 7864-6825 / 9979-7172
Bruno Pacheco: (21) 8716-7463