O psicoterapeuta disse que sou hiperativo. A criação deste blog surgiu pouco depois de ser assim diagnosticado. Segundo o site especialista Hiperatividade (que já existia antes do meu blog, mas eu não sabia!), os portadores deste distúrbio são freqüentemente rotulados de "problemáticos", "desmotivados", "avoados", "malcriados", "indisciplinados", "irresponsáveis" ou, até mesmo, "pouco inteligentes". Mas garante que "criativo, trabalhador, energético, caloroso, inventivo, leal, sensível, confiante, divertido, observador, prático" são adjetivos que descrevem muito melhor essas pessoas. Eu, particularmente, creio que sou uma mistura disso tudo aí. Cheio de muitas idéias, muitos sonhos e muitos projetos. Muita vontade e muito trabalho. Muitas vertentes e muitas atividades. Sou editor-adjunto do Crônicas Cariocas. Não deixem de visitar minhas colunas: Cinematógrafo; Crônicas; Poesias; e HQs. Ah! Visitem o Magia Rubro Negra , site de apaixonados pelo Mengão, para o qual tive o prazer de ser convidado a fazer parte da especial equipe!!!

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Festival do Rio - Dia 4

Cold in July
Meu quarto dia de Festival foi dia de um filme só.
Sou fã do Michael C. Hall, conhecido por seu grande trabalho em Dexter, desde os tempos de A Sete Palmos e foi por ele que decidi assistir a Cold in July.
Depois de matar acidentalmente um intruso desarmado, Richard Dane deve lidar com a raiva do pai da vítima. No entanto, Dane começa a suspeitar que o policial Ray Price pode estar escondendo informações sobre o caso, indicando seu envolvimento em algo muito mais complicado. Dane e o pai da vítima, então, unem forças para descobrir a verdade.
O começo da trama é interessante e promissor. A reviravolta que leva à união dos dois antagonistas é muito legal, uma grande ideia. A química dos personagens e dos atores é o que há de melhor. A adição de Don Johnson dá um tom divertido e irônico por conta de ser o bom picareta. Cada um dos três rouba o filme para si em determinados momentos sendo Sam Shepard o verdadeiro nome da película.
O filme é ambientado no fim dos anos 80 e a arte do filme surpreende. Tudo muito bem aproveitado, inclusive as antigas fitas VHS que se tornam objeto importante da trama. Figurino, trilha sonora e montagem dão show também.
O único senão para mim é a motivação da personagem do Michael C. Hall: ele se aprofunda na história porque quer saber quem matou e isso acaba esquecido ao fim da exibição e ele, estranhamente, não se importa com isso nem um pouco. Ainda assim, gostei do que vi.
Nota 8

Festival do Rio - Dia 3

Qual é seu trabalho, papai?
Meu terceiro dia de Festival começou mal.
Não curto o cinema francês. Para ser sincero, não curto nem a língua. Mas sempre tento me surpreender e sempre assisto a um filme da França para tentar modificar minha opinião. Ainda não foi dessa vez.
Qual é seu trabalho, papai? conta a história do cienasta Hervé, que no meio da produção de seu novo filme pornô, percebe que seu filho pequeno está começando a andar. Nesse momento, sua companheira diz que ele precisa tomar uma decisão: ou continuar sua vida na pornografia ou se tornar uma figura paterna respeitável.
Uma ceninha engraçada aqui, outra ceninha engraçada ali e mais nada. O cara entra em crise por ser pai de duas crianças depois dos 40 anos. Causa estranhamento que essa crise só venha com o segundo filho. Enfim.
Nota 2

Mais sombrio que a meia-noite
O segundo filme foi mais interessante, ainda que não me tenha conquistado. Recebemos a visita do diretor italiano, Sebastiano Riso, que nos contou que só para escolher o protagonista foram milhares de testes e dois anos de trabalho. Valeu a pena, ele encontrou a figura frágil e de feições femininas que a personagem exigia na figura do ator Davide Capone.
O filme conta a trajetória de Davide, um garoto de 14 anos com feições bem femininas. Atormentado e reprimido pelo pai, ele decide fugir de casa e acaba por se juntar a um grupo de meninos que se reúne em busca de clientes e diversão em Villa Bellini, um parque da região da Catânia.
No início, ele se vê livre e aceito. Aos poucos, porém, as dificuldades e a crueldade da vida vão mostrando de forma dura o que é a realidade, destruindo sua inocência no processo.
O filme, sem dúvida, faz pensar passeando por temas como homossexualismo, exploração de menores, prostituição, pedofilia, conceito de família, intolerância, etc..
Vale o ingresso.
Nota 7

Annabelle
O terceiro filme foi o que mais gostei. Sempre fui fã do gênero terror e fazia tempo que não via algo que me agradasse. Não que seja uma obra-prima, pelo contrário, é recheado de clichês, mas cumpre bem o seu papel: assusta!
O filme conta a história de Annabelle, personagem que fez sucesso no filme Invocação do Mal, sendo um prelúdio. O filme é baseado em fatos reais: uma mãe, nos anos 70, deu de presente para sua filha uma boneca que se mexia sozinha e era possuída por um espírito. A boneca existe e está trancada em um museu em Connecticut, sendo visitada somente por um padre que vai abençoá-la duas vezes por mês.
A produção faz excelente uso da trilha sonora, da fotografia e do jogo de câmera, elementos importantes do gênero, para criar os momentos de tensão e os sustos, que muitas vezes ocorrem quando menos esperamos, o que é muito legal. Há os sustos fáceis, claro, mas mesmo eles divertem.
O grande barato de Annabelle é que nos remete aos filmes de terror clássicos, sem descambar para o terrir, coisa que eu detesto. Baseia-se menos em sangue e muito mais em tensão e medo.
Enfim, gostei muito!
Nota 8

Festival do Rio - Dia 2

The Goob
O primeiro filme do meu segundo dia de Festival conta a história de Goob Taylor, um garoto de 16 anos que se vê em uma família oprimida pelo novo marido de sua mãe, Gene, um tremendo canalha mulherengo que explora a família com mão de ferro.
E é isso. Cria-se um clima onde você espera que algo aconteça: ou que Gene faça algo além dos limites ou que Goob tome alguma atitude. Personagens entram e saem da história e simplesmente nada muda.
Alguma cenas geram risos, outras comovem e... mais nada. Chato como uma peça de Tchékhov.
Nota 3

Vietnã: batendo em retirada
Segundo filme da minha segunda noite. Mais um documentário. Esse, porém, sem surpresa agradável.
Depois do acordo de paz entre os Vietnãs do Norte e do Sul, o escândalo de Watergate, que culminou com a renúncia de Richard Nixon, acaba tendo um efeito inesperado. A ausência do louco Nixon animou os vietnamitas do norte a desrespeitarem o acordo e invadirem o Vietnã do Sul.
A pressão torna-se insuportável. Civis, em pânico, tentam sobreviver fugindo da cidade. Soldados e Diplomatas estadunidenses vivem um dilema: obecem as ordens da Casa Branca e deixam o local ou ajudam a salvar a vida dos cidadãos vietnamitas.
Há muita informação interessante no documentário. Coisas que eu não fazia a menor ideia, que não devem ser novidade para os fãs de história e de guerra, mas que devem impressionar aos leigos como eu.
O problema é o ritmo que torna a jornada pesada e, por vezes, sonolenta. O filme narra os acontecimentos de maneira cansativa. São apenas noventa e oito minutos, mas parecem bem mais.
Vale pelo conteúdo.
Nota 5

Festival do Rio - Dia 1

Meu primeiro dia
Como sempre, não é possível, para mim, assistir à quantidade de filmes que gostaria no Festival do Rio. Só poderei ver filmes à noite e apenas em alguns dias, o que limitou minhas opções e escolhas. Hoje, segunda-feira, dia 29/09/2014, foi o meu primeiro dia e assisti a dois filmes.
Documentários nunca foram a minha praia, mas era o que tinha para hoje... e dois de uma vez!!! Vamos lá:

112 Casamentos
O primeiro filme a que assisti foi um belo começo. O documentarista Doug Block, para ganhar dinheiro, fazia, em paralelo aos seus documentários, vídeos de casamento. Vinte anos e mais de cem casamentos depois, resolveu revisitar seus casais preferidos e descobrir como estão.
Para ser sincero, adorei o filme. Nunca havia parado para pensar em como o “cara que faz a filmagem” tem acesso, tão de perto, a essas emoções especiais em um momento tão importante da vida de um casal. Ele realmente vivenciou momentos ímpares na vida de inúmeras pessoas, tornando-se a pessoa mais próxima e íntima durante um curto espaço de tempo.
Além de nos brindar com esses momentos mágicos de festa e felicidade, ele contrasta com a realidade da vida. Alguns deles bem comuns, com uma separação aqui ou um casal que vive bem com seus filhos ali. Mas há figuras preciosas também. Experiências que nos fazem pensar o quanto a vida pode ser imprevisível, mas também recompensadora.
Seus noventa e cinco minutos valem a pena.
Nota 8,5

Espetáculo: O julgamento de Pamela Smart
Segundo filme da primeira noite. Só posso dizer uma coisa: comecei bem o festival. Dois documentários e me surpreendi com ambos.
Espetáculo versa sobre o primeiro julgamento a ser totalmente televisionado, tornando-se o precursor dos reality shows. Um caso marcado pela dúvida, mas executado e finalizado como se fosse certeza.
O documentarista Jeremiah Zagar conta-nos a história de Pamela Smart, uma mulher que foi acusada de matar o marido com a ajuda de um adolescente de 16 anos, seu amante. Ela, ainda hoje, alega inocência.
A montagem é primorosa, intercalando cenas da época, cenas atuais e algumas cenas dos dois filmes que se inspiraram na história, dando um ritmo agradável aos seus cento e dois minutos. Desse modo, o documentário apresenta os fatos e os argumentos de maneira aprofundada, levantando questões sérias sobre o caso. Há indícios que condenam Pamela Smart, mas há muitos que a inocentam.
Senti que o documentário colocou-me na posição de jurado, o que foi muito legal, mas não consegui chegar a uma posição definitiva sobre o caso. Creio que a intenção de Zagar não fosse concluir se ela é culpada ou inocente, mas mostrar que ela foi mal condenada e que tem direito à apelação, pois há aqui a tão famosa reasonable doubt ou, traduzindo, dúvida razoável.
Gostei!
Nota 8