O psicoterapeuta disse que sou hiperativo. A criação deste blog surgiu pouco depois de ser assim diagnosticado. Segundo o site especialista Hiperatividade (que já existia antes do meu blog, mas eu não sabia!), os portadores deste distúrbio são freqüentemente rotulados de "problemáticos", "desmotivados", "avoados", "malcriados", "indisciplinados", "irresponsáveis" ou, até mesmo, "pouco inteligentes". Mas garante que "criativo, trabalhador, energético, caloroso, inventivo, leal, sensível, confiante, divertido, observador, prático" são adjetivos que descrevem muito melhor essas pessoas. Eu, particularmente, creio que sou uma mistura disso tudo aí. Cheio de muitas idéias, muitos sonhos e muitos projetos. Muita vontade e muito trabalho. Muitas vertentes e muitas atividades. Sou editor-adjunto do Crônicas Cariocas. Não deixem de visitar minhas colunas: Cinematógrafo; Crônicas; Poesias; e HQs. Ah! Visitem o Magia Rubro Negra , site de apaixonados pelo Mengão, para o qual tive o prazer de ser convidado a fazer parte da especial equipe!!!

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

3º Dia - Festival do Rio 2009

Distante Nós Vamos

Primeiro filme da minha terceira noite de Festival. E que começo estupendo! A cena de abertura já vale o filme. É difícil não se identificar com a história do filme estando na casa dos 30 como estou. As incertezas e inseguranças que nos rodeiam neste momento estão todas retratadas lá. Vejam a sinopse:

“Burt e Verona têm trinta e poucos anos e terão um filho. Os dois têm trabalhos flexíveis, gostam de viajar e desejam compartilhar sua nova experiência com pessoas queridas. Quando os pais de Burt decidem se mudar para a Bélgica, nada mais prende o jovem casal à pequena cidade onde vivem. Com amigos morando em todos os cantos dos EUA, se perguntam qual seria o melhor lugar para criar seu bebê. Empreendem assim uma longa viagem, na qual visitam amigos e parentes e testemunham diferentes modelos familiares, com o intuito de decidir onde e na companhia de quem construir o novo lar.”

O casal mete o pé na estrada de carro, de trem e de avião. Indo para diversos lugares à procura de um modelo ideal. Personagens entram e saem ao longo de sua jornada, sempre dizendo a que vieram, sempre acrescentando algo, positiva ou negativamente, ao casal e à história. Aí está a força do filme, a relação entre as pessoas, a relação entre marido e mulher, a relação do casal com suas famílias e com seus amigos. Todos os questionamentos, incertezas e inseguranças nascem destas relações. O diretor soube tirar proveito disso e, de forma leve e otimista, mexeu com muitas emoções.

A personagem zen de Maggie Gyllenhaal merece destaque, embora muitas das figuras que aparecem sejam engraçadas. O elenco é equilibrado, embora alguns rostos sejam mais conhecidos que outros. O filme é belo, com diálogos ágeis e questionamentos profundos sobre a vida como casal, como pais e como família. Uma certeza fica: não há modelo a ser seguido!

Nota 9


Whisky com Vodka

Segundo filme da minha terceira noite de Festival. Filme bem divertido que brinca bastante com a metalinguagem e nos mostra bastante dos bastidores do cinema. O filme passeia pela vida dos artistas que fazem a sétima arte: produtores, diretores, atores e equipe de produção. A sinopse:

“Otto, ator com 30 anos de fama que faz sucesso com as mulheres, tem uma certa queda para o álcool. O excesso de bebida faz com que ele perca um dia de filmagem em seu novo filme e, como garantia, os produtores chamam o jovem e desconhecido Arno como substituto para seu papel. Assim, todas as cenas passam a ser gravadas duas vezes, uma com Otto, outra com Arno, provocando um duelo de gerações. Mas esta não é a única preocupação de Otto. Ele também tem de aprender a conviver com Bettina, antiga amante, que é novamente seu par na tela, e par do diretor fora dela.”

Otto é o fio condutor da história e também é o personagem mais interessante da trama. Num primeiro momento, cria-se uma antipatia ao personagem por conta de sua vaidade, mas, ao longo do filme, nada além de simpatia é o que sobra. O bacana é que ninguém é mal ou ruim: todos tem um quê de cada. Todos são humanos e buscam o seu lugar ao sol.

O diretor soube dosar as emoções e soube ser leve ou denso quando preciso. É claro que o elenco ajuda muito, com interpretações seguras em seus muitos personagens, uma vez que cada um tem dois papéis: os personagens do filme e os do filme dentro do filme. Aliás, a ideia de um filme de época dentro de um filme contemporâneo foi bem interessante, não como confundir as coisas, mesmo quando as histórias misturam-se. É whisky e vodka.

Nota 9


Abraços partidos

Saí correndo da sessão de Whisky com Vodka, no Estação Botafogo, e fui para a sessão no Espaço de Cinema. Correndo mesmo, por que a sessão acabou no mesmo horário que a outra começaria. Ao chegar ao Espaço, surpresa! Uma fila enorme estava formada e ninguém havia entrado ainda. Quando entramos, sentei na terceira fila (todos que me conhecem sabem como detesto sentar tão perto do telão). O filme começou com mais de vinte minutos de atraso. Porém, quando acabou, nada disso importava. O filme de Almodóvar dissipou qualquer sensação ruim. Foi uma noite memorável. A sinopse:

“Há 14 anos, o cineasta Mateo Blanco sofreu um trágico acidente de carro no qual perdeu simultaneamente a visão e sua grande paixão, Lena. Sofrendo aparentemente de perda de memória, abandonou sua persona de cineasta e preservou apenas sua faceta de escritor, cujo pseudônimo é Harry Caine. Um dia, Diego, o filho de sua antiga e fiel diretora de produção, sofre um acidente, e Harry vai ao seu socorro. Quando o jovem indaga Harry sobre seus dias de cineasta, o amargurado homem revela se lembrar de detalhes marcantes de sua vida e do acidente.”

É difícil falar sobre um filme de Almodóvar, pois, como tudo que vale a pena, muitos amam e muitos odeiam. Creio que, como sempre, vai ser difícil que as opiniões não se dividam. É líquido e certo que muita gente exaltará e muita gente malhará mais esta película do espanhol. Eu fico no primeiro time.

O longa passeia pela vida de Harry Caine de maneira sublime. Aliás, o ator Lluís Homar faz um belo trabalho. A metalinguagem também está presente neste filme e faz inúmeras referências a obras do próprio diretor, a ele mesmo e a outros diretores. Há, ainda, Penélope Cruz, em grande forma, musa maior do diretor.

Que me perdoem aqueles que não gostaram, mas a história é boa e a condução é perfeita. Não há exageros em nada, os personagens são críveis e as situações também. Drama e comédia são bem dosados e tudo é verossímil. Ótimo filme e ótima diversão. Mais uma grande obra deste cineasta genial.

Nota 10

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