
O que me causa muita estranheza é o fato de o amor, dito como puro, sofrido e sincero, ter como regulador o sexo, dito como impuro, prazeroso e carnal, e que é a essência deste amor sobre o qual estamos falando, pois sem este, aquele seria o mesmo que o amor entre irmãos, ou pais e filhos. Amor e sexo são coisas independentes e bem diferentes, mas um não sobrevive sem o outro quando se referem às mesmas duas pessoas, o amor não dura para sempre sem o sexo, no máximo vira outro tipo de amor, fraternal, paternal ou maternal, mas nunca o mesmo, e o sexo sem amor é aventura, sobrevive do tesão, que sem sentimento, invariavelmente acaba, embora muitas vezes, para não dizer quase sempre, deixe lembranças e histórias para o resto da vida.
Posso falar sobre ele de forma bonita. O amor é árvore que dá fruto e seiva ao sentimento, raiz que ramifica em dores e lamentos, e hora se transfigura em rosas, em botões, deixando em fogo, em brasa, os corações. Não é original, é um excerto de um poema que li num caderno de poesias da minha avó. É lindo, mas não é uma definição. São metáforas maravilhosas que falam sobre o amor, mas não o definem, não nos dão compreensão.
Quis compreender o amor, quis amar um dia. Amei, ainda amo. Sinto, como sinto. Milhares de sentimentos oriundos deste amor: felicidade, sofrimento, ciúme, desejo, entre tantos outros. Não há nada igual, mas, ainda assim, não o compreendo, pelo menos, não de todo.
Minha experiência deu-me a capacidade de perceber algumas características, como a covardia. Pergunte a qualquer pessoa que ame se ela prefere morrer antes ou depois da pessoa amada; a resposta quase sempre será: antes. Ninguém quer sofrer a perda da pessoa amada, na verdade prefere ir antes, mesmo sabendo que a pessoa que ficou vai sofrer tanto quanto ela sofreria. É ou não é covardia? Sim! O amor é covarde, mas também é corajoso, faz você tomar atitudes impensáveis em nome dele, até mesmo a de se oferecer à morte. Olha a antítese aí de novo.
O amor é incompreensível, posto que é antítese, metáfora e tantas outras figuras, unidas numa miscelânea sem forma ou fórmula exata. Ainda assim, é mola mestra. Não tem definição, mas é exatamente aquilo que nos define.
Um comentário:
Boa tarde!
Muito obrigada pela visita!
Estava lendo o seu texto e gostei muito, em especial esta parte aqui:
"...sexo sem amor é aventura, sobrevive do tesão, que sem sentimento, invariavelmente acaba, embora muitas vezes, para não dizer quase sempre, deixe lembranças e histórias para o resto da vida..."
Concordo contigo!
Vou ler as tuas outras postagens,pela primeira visita, acho que os teus escritos tem muito a oferecer!
Kiso
=*
http://garotapendurada.blogspot.com/
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