O psicoterapeuta disse que sou hiperativo. A criação deste blog surgiu pouco depois de ser assim diagnosticado. Segundo o site especialista Hiperatividade (que já existia antes do meu blog, mas eu não sabia!), os portadores deste distúrbio são freqüentemente rotulados de "problemáticos", "desmotivados", "avoados", "malcriados", "indisciplinados", "irresponsáveis" ou, até mesmo, "pouco inteligentes". Mas garante que "criativo, trabalhador, energético, caloroso, inventivo, leal, sensível, confiante, divertido, observador, prático" são adjetivos que descrevem muito melhor essas pessoas. Eu, particularmente, creio que sou uma mistura disso tudo aí. Cheio de muitas idéias, muitos sonhos e muitos projetos. Muita vontade e muito trabalho. Muitas vertentes e muitas atividades. Sou editor-adjunto do Crônicas Cariocas. Não deixem de visitar minhas colunas: Cinematógrafo; Crônicas; Poesias; e HQs. Ah! Visitem o Magia Rubro Negra , site de apaixonados pelo Mengão, para o qual tive o prazer de ser convidado a fazer parte da especial equipe!!!

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Começando


Domingo. Sol. Maracanã. Bonito dia para o começo da escalada para o penta-tri. Pena que o futebol mostrado não foi lá essas coisas. Não que o Flamengo tenha jogado mal, mas estava longe de ter jogado bem. Ainda mais contra um time dos chamados pequenos.
Valeu pela raça do Juan, que acabou premiado com um gol, e pela vontade do Obina, que apesar de não ser um grande jogador, demonstrou ímpeto e quase marcou um golaço. Valeu também pela coragem do técnico Cuca em substituir o inoperante Marcelinho Paraíba, que, por conta de problemas extra-campo, parecia não estar com vontade de jogar.
É claro que estamos em início de temporada, que o esquema do técnico leva tempo para ser assimilado e que estava um calor tremendo. Entretanto, a quantidade de erros de passe foi absurda, fundamento básico para um bom desempenho de qualquer equipe.
Temos que ressaltar que a arbitragem foi horrível. Faltas marcadas que não foram faltas; cartões amarelos desnecessários; faltas marcadas quando se poderia dar vantagem; e inúmeros erros de impedimento. Aliás, a equipe do Friburguense foi a mais prejudicada com um erro estúpido do bandeirinha. Gol legítimo que poderia ter mudado a história do jogo. Será que teríamos empatado se o adversário tivesse seu gol validado e se retrancasse ainda mais? Tenho minhas dúvidas.
Creio que o Cuca poderia ousar. Três zagueiros, Willians, Kleberson e Ibson: parece-me precaução demais. Gostaria de ver o Flamengo jogando com dois atacantes de ofício e com Éverton e Zé Roberto no meio de campo. Respeito o técnico e dou um voto de confiança, mas ainda acho que poderíamos ser mais atrevidos. Vamos esperar para ver.
Valeu pelos três pontos, mas ficou a certeza que falta muito ainda para que possamos sustentar a banca de favoritos ao título. Há muito trabalho a ser feito ainda e muita gana a ser demonstrada pelo time.
Rumo ao penta-tri!!!
Magia Neles!
SRN!

domingo, 25 de janeiro de 2009

Filhos

E então, o primeiro cresceu;
e, ao crescer, um irmão pediu.
Nos pais, a vontade ocorreu,
mas, no menino, o ciúme surgiu.

E então, a mãe concebeu;
e, ao conceber, ao Pai rezou.
Pela benção recebida, agradeceu,
mas, no rosto, o pranto derramou.

E então, o segundo nasceu;
E, ao nascer, a todos emocionou.
A família, o rebento, acolheu,
mas, o irmão, confuso, chorou.

E então, o tempo passou;
E, ao passar, de amor imbuiu,
O segundo, o primeiro, conquistou,
Mas, em nada, o ciúme diminuiu.

E então, os dois cresceram;
E, ao crescerem, uma irmã pediram.
Os pais, pensar, prometeram,
Mas, no fundo, também queriam.

Filho

Que se faça semente perante a vida
e ao adquiri-la, cresça então.
Protegido no ventre da maior amiga.
O afago gravado com emoção.

Que se faça presente perante a luz
e ao percebê-la, chore então.
Demonstrando a todos que está.
O corpo exposto por uma mão.

Que se faça registro perante o escrivão
e ao lavrá-lo, identidade então.
Neste momento não só está, é.
O número comprovado na certidão.

Que se faça pessoa perante o lar
e ao adentrá-lo, o dono então.
Apossando-se de tudo e de todos.
O direito adquirido sem contestação.

Que se faça membro perante a família
e ao integrá-la, o xodó então.
Recebendo muito carinho e atenção.
O amor inundando seu coração.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Olha que blog Maneiro!

Obrigado!

Premiação inédita e surpreendente!
Entregue por Garota Pendurada.
Regras:
1- Exiba a imagem do selo “Olha Que Blog Maneiro”.
2- Poste o link do blog que te indicou.
3- Indique 10 blogs de sua preferência.
4- Avise seus indicados.
4- Publique as regras.
5- Confira se os blogs indicados repassaram o selo e as regras.
6- Envie sua foto ou de um(a) amigo(a) para olhaquemaneiro@gmail.com juntamente com os 10 links dos blogs indicados para vericação. Caso os blogs tenham repassado o selo e as regras corretamente, dentro de alguns dias você receberá 1 caricatura em P&B.
7- Só vale se todas as regras acima forem seguidas.

A história das coisas

Este vídeo é interessantíssimo! Embora um pouco longo, vale a pena ver até o final. Eu que sou um consumista inveterado, fiquei impressionado. Espero que vejam e que tentem assimilar como eu estou tentando.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Desejo

Estavam reunidos em torno de uma mesa num barzinho do centro da cidade. Bebiam aquele chopinho merecido depois de um dia de trabalho extenuante. Jogavam conversa fora como de costume. Fábio e Maurício alternavam entre a estupefação e as gargalhadas ouvindo as histórias e as idéias do Valadão, apelido que colocaram no amigo César que, como o famoso Jece, tinha fama de machão.
- Não é falta de amor, entende? É coisa de homem.
- Quer dizer que homem pode e mulher não? – perguntou Maurício.
- É claro! Mulher é diferente!
- Diferente como? – insistiu Maurício
- Pô, mulher não tem as mesmas necessidades.
Fábio apenas se ria. Já conhecia as idéias do amigo e se divertia vendo a incredulidade estampada no rosto do Maurício.
- Necessidades? Cara... não... pô, Fábio! Não acredito que tô ouvindo isso.
- Tu não ouviste coisa alguma ainda. – respondeu o interpelado, enquanto César bebia seu chope.
Os três trabalhavam em um grande escritório de advocacia do Centro do Rio de Janeiro, perto da Praça Mauá. Fábio e César eram advogados e Maurício trabalhava no setor administrativo. Fábio era um tipo mais intelectual, de falar rebuscado; César era mais despojado e, como o Maurício, torcedor fanático do Flamengo. Todos já somavam anos na empresa e costumavam almoçar juntos. O coleguismo havia levado a uma amizade fora do ambiente do trabalho.
- Só falta ele dizer que ir lá e deitar com aquelas mulheres não é traição.
Valadão, empertigando-se, não deixou barato:
- E não é mesmo! É tudo muito profissional.
- Fala sério! Pô, tu não transa com a mulher?
- Claro que sim! Esse é o trato, se é que você me entende.
- Então? Como não é traição?
- Maurício, presta atenção: é um encontro profissional, não passa de uma prestação de serviço.
- E daí?
- Daí que não me preocupo se ela gostou ou não, se ela gozou ou não, não tô nem aí! Vou lá, me alivio e pronto! Não tem carinhozinho ou beijinho, entendeu?
- Putz! E por isso não é traição?
- Claro que não! É só uma chinelada. Minha consciência fica limpinha, sem marca alguma.
- Se você descobrir que sua mulher saiu com um garoto de programa, mas não rolou beijinho, você a perdoa?
- Não.
- Como não?
- Já disse que mulher é diferente. Não tem os desejos carnais que nós temos.
- Claro que tem!
- Tem nada! Mulher só transa com o homem que ama, só sente tesão pelo homem que tá com ela.
- Você é louco, véio! Parece que está fora do tempo. E põe é tempo nisso.
Fábio deu uma gargalhada de pura concordância.
- Maurício tem razão! Tuas idéias são retrógradas e remontam a uma época assaz antiga.
- É isso mesmo! Pô, como você pode acreditar no que está dizendo, César? A mulherada tá deixando o tesão falar alto, cara. Elas têm o mesmo desejo que nós.
- Tô falando de mulher pra casar, não destas poucas aí que só não são profissionais.
- Mulher pra casar? Essa foi demais! Garçom! Traz mais dois pra mim.
- Mulher pra casar sim! Qual é, Maurício? Tu casaria com uma destas que dá mais que chuchu na serra? Mulher tem que casar virgem!
- Não vou nem responder. Que que você acha, Fábio?
- Inclui-me fora dessa, ínclito, douto, culto, preclaro, dileto, venerando e excelso amigo!
- Você é maluco, Valadão! Ou tá me zoando ou é maluco! Não é possível que você pense assim mesmo.
- Tu não sabes da maior, caro Maurício! Ele tira fotos de todas as “profissionais” com que sai e as arquiva em um local secreto.
- Sério?
- É verdade! A última eu até filmei. Por sinal, a menina era maravilhosa.
- Tu não tem medo da patroa descobrir?
- Não fica lá não. Fica no escritório do meu melhor amigo e, se eu morrer, ele vai queimar tudo.
- Entendi. Ainda assim, acho que você é doido.
O garçom traz a nova rodada de chope e, já conhecido do trio, pergunta:
- Vocês não vão ir ao Maraca, não? Hoje é dia de mengão.
- Vou não. Tô sem pique hoje. – respondeu Maurício.
- Nem eu. Minha mulher é que foi.
- Qual é, Valadão? Sua mulher foi sozinha?
- Não. Foi com o Marcão, um amigo meu.
- Cuméquié?
Fábio, como Maurício, estava perplexo, embasbacado mesmo:
- Caríssimo César, tua esposa foi assistir ao jogo com um amigo teu? O Marcão? Tu não te importaste com este fato? Estás demente?
- Ele é o meu melhor amigo!
- Já viste mulher que trai com inimigo? É sempre com um amigo, quase sempre o melhor deles.
- Por acaso é ele quem guarda tuas fotos? – emendou Maurício.
- É.
- Meu Deus! Tu és de fato um doidivanas!
- Tá pensando que minha mulher é o quê?
- Na boa, Valadão! Penso que ela é uma mulher como qualquer outra.
- Não é não! Minha mulher é uma santa!
- Só falta dizer que ela não sente tesão, não tem fantasias.
- Claro que não!
- Claro que sente! Toda mulher sente. Todas elas querem desejar e se sentirem desejadas. Todas querem dar e sentir prazer.
- Pára com isso, Maurício! Você é muito moderninho. Já falei que a Léa é uma santa.
- Já perguntou a ela as fantasias dela?
- Não! Mas sei que ela vai dizer que não tem.
- Sei! Pergunta na hora que vocês estiverem transando. Você vai se surpreender.
Maurício e Fábio haviam achado o ponto fraco do Valadão e aproveitavam para escarnecer dele. De fato, divertiam-se muito com isso.
- Acho melhor mudar de assunto. Não estou gostando do rumo que isso tá tomando.
- Deixa de bobagem, véio!
- Bobagem é o escambau! Chega deste assunto!
- Tá bom! Não tá mais aqui quem falou.
Mudaram de assunto, mas Valadão não conseguiu tirar da cabeça tudo aquilo que foi falado. Será que os amigos tinham razão? Será que sua mulher sentia tudo aquilo realmente? É claro que não, fora educada do mesmo jeito que ele, sabia que essas coisas eram bobagens. Ainda assim, não ficou tranqüilo. Pediu licença aos amigos para ir ao banheiro, no meio do caminho, sacou o celular e ligou para a mulher, mas só conseguiu conectar a caixa postal. Tentou ligar para casa, mas lembrou que não havia viva alma lá. Ficou inquieto e decidiu que o melhor era ir embora. Despediu-se dos amigos com a desculpa que deveria preparar uma petição inicial de um cliente particular para o dia seguinte. No caminho até o estacionamento, sua cabeça fervilhava e começava a doer. Já maldizia seu melhor amigo por cobiçar sua mulher e sofria por imaginá-la nos braços dele.
Enquanto dirigia, sua mente divagava e, por isso, quase abalroou outros três veículos e quase atropelou duas velhinhas no caminho. Conseguiu chegar a casa são e salvo, isto é, fisicamente, uma vez que, mentalmente, estava em frangalhos. Estacionou o carro na garagem, pegou o elevador com o coração batendo a mil. Estava com medo de entrar em casa e flagrar a esposa com o amigo. Ficou congelado em frente à porta do apartamento. De repente, percebeu que tudo aquilo era culpa dele, havia subestimado a esposa como mulher e ela estava buscando com outro o que ele não dava a ela.
Num arroubo de coragem, entrou. Escutava apenas o barulho da televisão ligada e começou a procurar a esposa. Chegou à suíte e escutou, pela porta entreaberta do banheiro, o barulho do chuveiro. Aproximou-se devagar e em silêncio. Passou pela porta e, lá dentro, procurou enxergar quem estava atrás da névoa formada pela água quente do chuveiro. Subitamente, o chuveiro foi desligado, uma mão apareceu procurando a toalha. Então, ela saiu.
- Ai! Que susto, César!
- Desculpe. Não tive intenção.
- Que está fazendo aí?
- Estava te esperando.
- Demorei, né? O banho estava uma delícia.
- Cheguei há pouco.
- Você perdeu, amor! Foi um jogão!
- Cadê o Marcão?
- Foi com a Lúcia pra casa dele.
- Lúcia?
- É, ué! A mulher dele, né?
- Não.. é... eu sei. Esqueci que ela ia.
- E ela deixa ele ir a algum lugar sem ela? Tá pensando que ela dá a ele a moleza que te dou?
Ele sentiu um alívio enorme ao perceber que tudo estava bem, que seus devaneios eram absurdos. Levantou-se, abraçou a mulher e a beijou sofregamente.
- Que é isso, César? Tá animado, é?
- Não, meu amor! Estou feliz!
- E qual é o motivo desta felicidade?
- Você, minha pequena, você.
Ela corou e o mandou tomar um banho; ele foi. Demorou-se no banheiro, lavando todos os pensamentos ruins e algumas de suas convicções. Raciocinou que alguma coisa deveria realmente estar errada, caso contrário, não teria sentido tanto medo.
Saiu do chuveiro, enxugou-se, perfumou-se e se encaminhou ao quarto. Sua mulher estava recostada na cama, vendo televisão. Ele a olhou e a achou linda, de rosto e de corpo. Enxergou-a como há muito não a enxergava e sentiu desejo.
- Quer comer alguma coisa?
Ele riu consigo mesmo por conta da pergunta. Queria, realmente queria. Deitou-se ao lado dela e começou a beijá-la; e a beijou da cabeça aos pés. Ela estranhou a atitude do marido, mas gostou do que sentia. Rapidamente, despiram-se um ao outro. E, ainda se beijando, ele a penetrou. Ao ouvir o gemido de prazer de sua mulher, não resistiu:
- Amor?
- Hum?!
- Você tem alguma fantasia?
Havia muitas fantasias, muitos desejos e todos com ele. Descobriu que não precisava rotular as mulheres, pois elas são apenas e tudo isso: mulheres. E a sua, como qualquer outra, quer se sentir mulher, plena, “sem vergonha de aprender como se goza”.
Valadão e a esposa descobriram um mundo novo juntos, descobriram o prazer que podiam proporcionar um ao outro, descobriram uma felicidade ainda maior por estarem juntos, por se amarem e, principalmente, por se quererem.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Amor

Há algo engraçado no amor. Pense em como ninguém nunca conseguiu defini-lo. Dizem muito sobre ele e alguns o fazem de maneira soberba, com versos lindos, de métrica perfeita, plenos de ritmo, alguns com sonoridade heróica, magníficos de fato; mas definição que é bom... nada. Mais engraçado ainda é que quem melhor o diz, provavelmente nunca o sentiu de verdade, faz conjecturas, imagina coisas bonitas, pelas quais vale à pena sofrer... e como sofrem, muitas vezes até com feridas que doem, mas não se sentem. Sofrimento antecipado que não há como entender; sofre-se antes, durante e depois destes amores imaginados ou, até mesmo, idealizados. A impressão que fica é que o amor mata a quem dele vive, que glorifica e engrandece, mas pelo martírio, não pela felicidade. As pessoas geralmente o associam a coisas tristes ou sérias, deixando as alegres e divertidas para a paixão ou o sexo.
O que me causa muita estranheza é o fato de o amor, dito como puro, sofrido e sincero, ter como regulador o sexo, dito como impuro, prazeroso e carnal, e que é a essência deste amor sobre o qual estamos falando, pois sem este, aquele seria o mesmo que o amor entre irmãos, ou pais e filhos. Amor e sexo são coisas independentes e bem diferentes, mas um não sobrevive sem o outro quando se referem às mesmas duas pessoas, o amor não dura para sempre sem o sexo, no máximo vira outro tipo de amor, fraternal, paternal ou maternal, mas nunca o mesmo, e o sexo sem amor é aventura, sobrevive do tesão, que sem sentimento, invariavelmente acaba, embora muitas vezes, para não dizer quase sempre, deixe lembranças e histórias para o resto da vida.
Posso falar sobre ele de forma bonita. O amor é árvore que dá fruto e seiva ao sentimento, raiz que ramifica em dores e lamentos, e hora se transfigura em rosas, em botões, deixando em fogo, em brasa, os corações. Não é original, é um excerto de um poema que li num caderno de poesias da minha avó. É lindo, mas não é uma definição. São metáforas maravilhosas que falam sobre o amor, mas não o definem, não nos dão compreensão.
Quis compreender o amor, quis amar um dia. Amei, ainda amo. Sinto, como sinto. Milhares de sentimentos oriundos deste amor: felicidade, sofrimento, ciúme, desejo, entre tantos outros. Não há nada igual, mas, ainda assim, não o compreendo, pelo menos, não de todo.
Minha experiência deu-me a capacidade de perceber algumas características, como a covardia. Pergunte a qualquer pessoa que ame se ela prefere morrer antes ou depois da pessoa amada; a resposta quase sempre será: antes. Ninguém quer sofrer a perda da pessoa amada, na verdade prefere ir antes, mesmo sabendo que a pessoa que ficou vai sofrer tanto quanto ela sofreria. É ou não é covardia? Sim! O amor é covarde, mas também é corajoso, faz você tomar atitudes impensáveis em nome dele, até mesmo a de se oferecer à morte. Olha a antítese aí de novo.
O amor é incompreensível, posto que é antítese, metáfora e tantas outras figuras, unidas numa miscelânea sem forma ou fórmula exata. Ainda assim, é mola mestra. Não tem definição, mas é exatamente aquilo que nos define.

domingo, 18 de janeiro de 2009

Fortuna


Estava sentado numa desconfortável cadeira da universidade, assistindo a uma aula de desenvolvimento interpessoal, sem sequer prestar atenção, quando recebeu o telefonema que ansiosamente aguardava. Ela recebera o resultado do exame de sangue que ratificava a indicação da cor azul do exame caseiro comprado na farmácia: estavam grávidos; ligou felicíssima com a boa nova: seriam pais... e mães. Ele riu e chorou, contou aos amigos e professora, recebeu os parabéns e saiu correndo ao encontro da esposa.
Houve dificuldades antes desta realização: aborto involuntário, ovários policísticos e, maior de todas, ela cria ser incapaz de ter filhos, o que, mais tarde, provou-se uma grande inverdade. Esta crença foi a maior inimiga, pois enquanto ela assim acreditou, não conseguiu. Somente quando convenceu-se que não tinha “defeitos” e que, no máximo, precisaria tomar medicamentos que a ajudariam no processo, relaxou a mente e permitiu-se engravidar. Chegou a comprar o remédio que o médico prescreveu, mas deveria esperar sua próxima menstruação acabar para começar a tomá-lo, só que ela não veio. Não acreditou que estivesse grávida, mas comprou o teste mesmo assim e, embora o azul do resultado do teste indicasse a gravidez, continuava sem acreditar. Fez o exame de sangue e o que era apenas sonho e esperança tornou-se vida e realidade.
Começou uma nova fase: enxoval, berço, cômoda, armário, banheira, babá eletrônica, brinquedos, chá de bebê, acompanhamento médico, vitaminas, hospital e tudo mais que se relacionava com a preparação da chegada do primogênito. As ultra-sonografias foram momentos lindos e foram devidamente registrados em fita VHS. Por meio delas via-se que era um bebê bem formado e saudável, que desenvolvia-se satisfatoriamente, e que era um menino.
A vida deles mudou com a gravidez. Cercaram-se de cuidados, mudaram os hábitos, inclusive os alimentares. Até os horários se adequaram à nova realidade, passaram a dormir mais cedo e a acordar mais cedo. Nada disso, porém, chegava perto das mudanças que viriam com o nascimento do menino.
Numa madrugada de novembro, dormia um sono sem sonho, leve e inconstante. Acordou ao sentir a esposa se levantar para mais uma de suas constantes viagens ao banheiro, dada a sua condição. O parto estava previsto para o dia 13, mas, nesta madrugada do dia 12, ela voltou exclamando que a bolsa rompera. O sangue acelerou, o sono se foi, a urgência nasceu. O menino simplesmente resolveu rebentar antes do combinado, até porque, ele mesmo não combinou coisa alguma. Informaram ao médico e aos parentes e correram para o hospital, não sem antes o pai quase deixar o retrovisor direito na garagem. Saíram do Méier e chegaram à Barra sem incidentes.
No início da manhã escutou o choro do rebento e ao ouvir este choro da vida, chorou. Sentiu o suave deslizar das lágrimas que sem timidez alguma vertiam dos olhos vidrados naquele pedacinho de gente nascido do amor; e assim foi fisgado no anzol de um novo sentimento, arrebatador, mas edificante. Uma paixão que parece um sonho do qual não se quer acordar.
Pegou o pequeno e frágil pedaço de si e levou para o berçário, carregando-o como um troféu da vitória do amor e da vida, como um amuleto de saúde, riqueza e fortuna. Cheio de orgulho e felicidade, entregou-o à enfermeira para as devidas medição, pesagem e limpeza.
Foi ao encontro da esposa, raiz que sustenta e alimenta a árvore que é aquele casamento, para ampará-la, acarinhá-la e confortá-la. Beijou-a a face, declarou mais uma vez o amor que sentia e exclamou que este não seria dividido, mas sim multiplicado.
No dia seguinte foi ao cartório indicado pelo hospital para providenciar aquele papel que se fará necessário durante toda a vida do pequeno. Para ele e sua família o menino será sempre seu filho, mas para o mundo ele precisa de registro, número, documento para ter identidade. Lavrou-se então a Certidão de Nascimento do infante, que recebeu o nome Renan.
Dois dias depois do nascimento, saiu da Barra em direção à casa, mas não seguiu pela Linha Amarela. Fez um longo caminho pela cidade como se quisesse apresentá-la ao novo morador, ou mais ainda, apresentá-lo àquela maravilhosa cidade onde cresceu, estudou, amou, casou e onde ainda viveria muitas etapas de sua jornada terrena.
Passou pela praia da Barra, praia de tapete branco que convida para um mar azul e imenso, seguiu pelo Elevado do Joá, admirando a paisagem alta, bela e intimidante, atravessou São Conrado, admirando os pássaros humanos que pousavam suas asas-delta na movimentada Praia do Pepino e contrastando a visão com a grandeza impressionante da Rocinha, favela Zona Sul; não foi pelo túnel, mas pela Niemeyer, descendo na Praia do Leblon, seguindo por Ipanema e Copacabana. Foi para a Lagoa Rodrigo de Freitas, contornou-a, apenas para apresentar ao filho sua outra paixão, o Flamengo. Fez promessas de levá-lo aos jogos, de comprar-lhe uniforme e até mesmo de títulos, como se fosse artilheiro do time e não um tremendo perna-de-pau. Esqueceu, ou mesmo ignorou, que a paixão do guri poderia ser outra. Atravessou o túnel, a Radial Oeste e chegou ao monumento carioca ao futebol, o Estádio Jornalista Mário Filho, mais conhecido como Maracanã e, para ele e seus apaixonados companheiros de torcida, lar do clube mais amado, intensa e quantitativamente, do mundo.
Ao chegar a casa, o menino fez-se senhor de tudo e de todos, centralizando todas as atenções, como se fosse um pequeno imã que, ao invés de metal, magnetiza sentimentos.
O pai era todo cuidados. Havia um medo em seu peito, quase palpável, que só era superado pela paixão. Medo de deixar o menino cair, de segurá-lo forte demais e de machucá-lo. Qualquer motivo era motivo para sentir medo. De um momento para outro começou a crer que era estabanado, desastrado e que poderia, a qualquer tempo, fazer mais mal do que bem. Pensou em seus pais e em como deve ter sido difícil para eles também. Este pensamento iluminou sua mente e o levou a crer que: se seus pais conseguiram criá-lo a ponto de se tornar um pai, também haveria de conseguir criar o seu. Fora educado para isto, para perpetuar a família, não o nome que este não importa, mas a família, o aconchego da família, o carinho da família, o amor da família. Concluiu então que fora muito amado, muito bem preparado e que possuía muito amor para repassar. Assim, o medo desapareceu, a insegurança se foi, dando lugar à certeza. Percebeu que o amor e a prática o evoluíam como pai e que bastava amar e praticar o amor para conseguir o que até então o assustava tanto.
Neste momento, ocorreu a maior mudança de todas, foi quando ele entendeu seus pais, aquelas pessoas que o cercavam de cuidados exagerados e que o controlavam ao extremo. Ele entendeu o que seus pais sentiam, pois estava sentindo o mesmo agora. O amor pelo filho é maior que o amor a si próprio e qualquer coisa que possa fazê-lo mal deve ser combatido com todas as forças. Há a necessidade de proteção, mas, acima de tudo, há a necessidade de proteger.
Vieram então as fraldas, os choros, as noites mal-dormidas, que, estranhamente, vinham acompanhados de uma felicidade crescente, o guri crescia com uma saúde enorme e com lindos sorrisos. O trabalho que dava nem de longe se comparava ao retorno afetivo que proporcionava.
A vida seguiu em frente, batismo, primeiros passos, primeiras palavras, primeiro corte de cabelo, passeios, primeiro aniversário, brincadeiras e brinquedos novos, bolas e “cainhos”. Nada como chegar a casa depois de um estressante dia de trabalho e receber o carinho da esposa e o do filho, que a esta altura já dá seus abraços, “upas”, seus beijos e clama: - te amo, papai!
Hoje, sentado numa desconfortável cadeira do curso de pós-graduação, assistindo a uma aula de processo do roteiro, sem sequer prestar atenção, aguarda ansiosamente uma ligação que pode mudar tudo de novo, mas que, sem dúvida, fará dele um homem ainda mais feliz.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Hoje

Hoje, acordei meio “deprê”. Não sei explicar o porquê. Creio que aquela história de “ano novo, vida nova” não me comoveu desta vez. Aquela esperança de que tudo vai mudar, a alegria de um novo começo e as promessas de acertar onde outrora errei parecem tão vazias, tão sem sentido. Os erros perseguem-me e me levam a cometer novos erros. A vida parece uma sucessão de equívocos. Tudo é mais do mesmo. A mesma merda de sempre. Aquele trabalho que, apesar de pagar em dia, não rende o suficiente e não é nem de longe o que queria ou gostaria de fazer. Os sonhos, pelos quais batalho tanto, nunca se realizam, por motivos os mais diversos e esdrúxulos. A dificuldade em saber lidar com as pessoas que nos cercam: mulher; filhos; pais; irmãos; afins; amigos; colegas de trabalho; e, até mesmo, desconhecidos com os quais temos algum contato em algum supermercado, banco ou padaria.
É tão fácil dar conselhos, dizer às pessoas onde erraram e o que devem fazer para melhorar. Olhar de fora e dizer: “eu faria isso” ou “escute o que estou dizendo”; como se fosse especialista em tudo. Por que, então, é tão difícil seguir os próprios conselhos e acertar o caminho ou mesmo decidir qual é o melhor? Por que sempre parece que escolhi a estrada errada e que nada do que faço é certo? Por que esta insatisfação perene, este sentimento de desperdício de tantos anos? É tudo tão frustrante e angustiante. Uma sensação de impotência diante das vicissitudes.
Hoje, mais uma vez, estou vendo as horas passarem, como ontem, apenas esperando mais um dia acabar igual a todos os outros: desperdiçado. Os amigos dizem para ter fé, seguir tentando, que sou inteligente e vou conseguir atingir meus objetivos. Entretanto, sinto-me como o Brasil: o país do futuro; o futuro que nunca chega. A diferença é que o Brasil tem mais de quinhentos anos e terá muitos mais. Eu não. Se a média de vida em meu país é de setenta e dois anos, estou em contagem regressiva, já na descendente da ladeira da vida. O único futuro certo é o fim do caminho.
Hoje, uma querida amiga disse-me que não é de um dia para o outro que as coisas se resolvem, que devo fazer as coisas tomarem um novo rumo, que devo dizer para mim mesmo que não estou feliz e que a vida é uma só e que não preciso submeter-me a certas coisas se não preciso delas. A grande questão é que não sei o que fazer para mudar a direção, que eu já sei que não estou feliz e que a vida é única e que apenas me submeto a certas coisas porque é necessário. Seria fácil se isso, se aquilo ou se assim fosse. Tudo, todavia, não passa de “se”. Conjecturas sem fim plenas de incertezas.
Hoje, acordei com vontade de fugir. Vontade de ir para outro lugar, outra cidade, outro estado ou mesmo outro país. Começar tudo de novo, longe de tudo e de todos. Longe dessa vida desmedida, depreciada, de pessoas hipócritas, mexeriqueiras, mal-amadas e malcomidas. Percebi, então, que era um sentimento covarde e mesquinho. Que fariam aqueles que gostam de mim? Pior, que fariam os que dependem de mim? Meus meniños, tão novinhos ainda. Inocentes e incapazes de entender o que mesmo eu não entendo. Desisti de fugir, mas não encontrei alento. Nada que me dê ânimo. É viver por viver, sem esperança, sem fé e sem lenitivo; assim, depressivo.

Fabrício Mohaupt

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Indicação - 6 coisas 6 links


o Blog Dois Caminhos... indicou o Hiperatividade para esse prêmio, que se trata de uma corrente de links e coisas, bem o nome já diz isso, agradeço a indicação!

os 6 blogs escolhidos são:
Artes & Subversão

6 Coisas Sobre mim:
Sou formado em Letras, pós-graduado em Roteiro para Cinema e estudante de Produção Audiovisual;
Adoro cinema, livros, quadrinhos e música;
Tenho dois filhos lindos;
Coleciono bonecos de heróis e personagens de filmes;
Adoro comer;
Quero escrever meu livro, estrear minha série de tv e fazer cinema.

6 Regras:
Linkar a pessoa que te indicou
Escrever as regras do meme em seu blog.
Contar 6 coisas aleatórias sobre você.
Indique mais 6 pessoas e coloque os links no final do post.
Deixe a pessoa saber que você a indicou, deixando um comentário para ela.
Deixe os indicados saberem quando você publicar seu post.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Figuraça II - A Missão

Já falei sobre o meu amigo Douglas Rosa aqui uma vez. O cara é um ator talentoso, alto astral, sempre escrevendo seus pensamentos e sempre fazendo vídeos hilários com seus personagens. Já fez alguns trabalhos interessantes, como o ótimo especial da Rede Globo sobre os Mamonas Assassinas, em que interpretou Samuel Reoli, o de cabelo vermelho à direita na foto abaixo.
Agora, participará de um novo "Por toda Minha Vida", desta vez um especial sobre Raul Seixas, em que interpretará Sylvio Passos.

O cara é fera e está em franca escalada na sua carreira. Ainda trabalharei com ele, se aceitar, na série que eu e meu amigo Ronaldo Morant estamos desenvolvendo para a TV, cujo nome é ECOS (falarei sobre este projeto em outra oportunidade). Por enquanto, curtam o novo vídeo do Douglas, mais uma vez hilário!

Parabéns pelo trabalho, amigo!

Good Vibes 4us!!!

Tag Heuer

Inauguro aqui a série "Comerciais Bacanas". Este é show de bola!!!